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domingo, 30 de novembro de 2008

Maria de Lurdes Rodrigues e o Efeito Doppler

Neste blogue praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão próprios das Sociedades Avançadas
Imagem do KAOS
Ninguém me poderia dizer que, há duas horas atrás, eu viria começar esta crónica nocturna com o Espectro Electromagnético, mas a vida leva tantas voltas que me vou deixando andar.
Antes de mais, um pequeno desvio por um tema que agrada a toda a gente: Maria de Lurdes Rodrigues. Pelo fausto e pelo fado, cruzei-me, esta semana, numa das minhas sete vidas, com alguém que me disse conhecer muito bem a senhora, e ser amiga da família... Falou-me de uma pessoa afável, e eu fiquei de boca aberta, enfim, nem por isso: pus aquela blindagem do tempo em que concorria, no Palácio das Necessidades, para integrar o Protocolo de Estado, e fiz um assentir de cabeça, cordato, diplomático e serenador, de quem concordava com todas as palavras. Sou, de facto, suficientemente polido para poder aceitar todas as opiniões e testemunhos, sobretudo, aqueles que são timbrados na voz da primeira pessoa, e esta era só mais uma, embora no limite do suportável. (Deus me perdoe, até email e telemóvel anotei, para reatar estes extremos da minha boa educação, e cumprir uma função de transmissor: suponho que os embaixadores dos Gregos a Xerxes se tenham sentido exactamente na minha pele...)
De Lurdes Rodrigues, que tutela uma zona fragilíssima das franjas sociais, onde os Valores se constroem e os exemplos têm de ser exemplares, tenho a opinião do comum dos mortais, acrescentada, das minhas outras sete vidas, onde sou forçado a teclar no pantanoso terreno da Filosofia da Educação: que Educação se pode dar a uma juventude que assiste, em directo, a uma face específica do Poder Político, que, sistematicamente, desautoriza o papel do Educador, e mostra que os valores DE CIMA podem ser marcados pela arbitrariedade, pela insolência, pela prepotência, pelo insulto, pela traição e pela pública delapidação?...
Embora não o seja, por vezes, enfio-me na pele do Português comum, e começo a pensar: que exemplo poderá transmitir-se aos filhos, quando a imagem do educador é de tal modo denegrida, e fica patente um Sadismo de Estado, filho de baldes de água de infâncias em Casas Pias, de abandonos de pais incógnitos, de complexos de inferioridade de percursos académicos, já evidenciado em frases que fizeram história, como o "tivémos de fazer algumas "maldades" à Função Pública (!)", por acaso, na boca de alguém que também tutelou o Ensino; de outro que diz que "ou a Função Pública cumpre as leis, ou é "trucidada" (sic.)", isto, já para não falar da célebre frase do miserável Cavaco, quando disse que a solução para a Função Pública era "esperar que morressem todos (!)".
Creio que a Função Pública, neste momento, pensa exactamente o mesmo, desse eméritos cavalheiros.
Quanto a Lurdes Rodrigues, depois do desastre da Entrevista ao "Público", que, como é habitual, não li, logo, estou apto a comentá-la, fica-se por coisas extraordinárias, como o confessar que, por detrás daquela figura com ar de viúva de Gato Pingado, está uma alma "anarquista".... Era frase para fazer de Bakunine um novo Lázaro, mas, e isto é um título entrevisto entre duas cabeças de cabeleireiras tardias, um grande título -- adoro grandes títulos de jornais, porque me deixam antever o que lá está dentro, sem ter de ler mais uma linha... -- onde ela diz que "as pessoas estão cansadas, mas ela também está".
Com o cansaço dela posso eu bem, com o meu... cada vez menos, e o meu cansaço já não se chama cansaço, chama-se "náusea" e chama-se também... "repulsa".
Mas voltemos ao Protocolo de Estado, e ponhamo-nos na pele da senhora. Ela vem das Ciências Flácidas, onde há sempre, como Comte previa, uma Expectativa da "Acção": os cenários são desenhados por grandes fluxos históricos, e subitamente, aparece uma mente iluminada, que, julgo, ela se imagine, e isso até poderia ter algo de Estético, como Borges o antecipa -- o Belo, a iminência de uma revelação (que bem que eu estou a falar hoje...) -- mas o verdadeiro problema não está no que ela, Lurdes, se julga, porque, neste momento, não consigo ver nela mais do que uma figura completamente metralhada, que uma multidão de mãos, por detrás do seu cadáver, usando abusivamente de um desgaste político insustentável, a continua a empurrar para a frente.
Lá me desculparão, mas é contra essas mãos cobardes, bastante mais do que contra Lurdes Rodrigues, que hoje vocifero: são os chamados "peões rotativos", o pedófilo do Trabalho, que lhe dá toda a razão, mais o das Finanças, que nos intervalos dos fedorentos Conselhos de Ministros lhe sussurra, "veja lá, que isso das Avaliações tem mesmo de ir para a frente, porque nós não podemos promover todos os excelentes, mas apenas os Afunilados da Excelência", e mais o Augusto Santos Silva, que finge que dialoga com o Parlamento, mas lhe rosna que "tens mesmo de avançar", e mais os Lindos Olhos da "Mariana", que está a usar o Secundário como laboratório de ensaio para o descalabro em que vai lançar o Superior, e mais o Justino, ex-vereador do Isaltino, e Assessor do Presidente da Bandeira de Croché protegida por uma Marquise de Belém, e o próprio Aníbal, em si, a hipóstase mais acabada do atraso cultural, político, financeiro, económico e social de Portugal.
Neste cenário, Lurdes Rodrigues é uma mera sombra de Teatro Tailandês, e todos devemos solidarizar-nos com o seu afastamento, já que mantê-la no cargo é um típico exemplo da violência doméstica de um Governo que enveredou pelo Alcoolismo Crónico, e bate na mulher, a sua Lurdes.
Quanto ao Doppler, é uma velha história de Hubble, um ignaro a quem ainda não tinham ensinado que o Universo era uma plataforma plana, sustentada nas costas de uma tartaruga, perpetuamente navegando no Oceano Primordial. O homenzinho, que não teve a sorte de frequentar o ISCTE, a "Independente" e as Novas Oportunidades, ainda achava que o espectro das galáxias distâncias, ao afastar-se, se distendia, arrastando um desvio das riscas para o Vermelho... -- olhem, sinceramente, não me apetece dar lições de Astrofísica a esta hora, dirijam-se ao "Google" mais próximo... --, pelo que a Política Portuguesa acabou, com a Crise Mundial, por ser apanhada num Efeito Doppler, ou, sendo mais culinário, imaginem um belo bolo de noiva, muito bem preparado, por camadas, que, de repente, apanha um safanão, e aquilo desliza tudo por camadas, na horizontal, deixando os remoques e alicerces à vista.
O Sr. Sócrates e a sua pandilha, apoiados no Great Portuguese Disaster, instalado em Belém, com o advento da Crise (?) Mundial apanharam com uma coisa semelhante àquelas pessoas que, furtivamente coladas com as paredes, subitamente levam com um holofote em cima, e ficam totalmente a descoberto.
Eu explico: neste vai não vai, do resiste não resiste, da manipulação da informação, dos telefonemas histéricos paras redacções dos jornais e televisões, da afinada máquina de controlo da circulação nos circuitos sociais, a meta era 2009. Até lá, reinava Átila e os seus discípulos; depois, com a validação da Segunda Maioria, começava a Cornucópia da Abundância e as generosidades de um Estado Providência de segundas núpcias.
Teve azar: o Cavaquistão desmoronou-se, através de escroque, chamados Oliveira e Costa, Cadilhes, Dias Loureiro e outros tantos, e as tais fortunas privadas, dos Balsemões e anexos, com porta-vozes do calibre do Júdice -- esse é como Deus: é um horror que está por toda a parte... -- e o Estado viu-se forçado a desbloquear fundos só deus saberá se não já do Último Quadro Comunitário de Apoio, para impedir as Grandes Fortunas de fugirem pelo ralo, enquanto o Português Comum penava com todos os estigmas da Cauda da Europa: Iliteracia, Pobreza, Doença, Má Nutrição, Desfasamento Histórico e Índices de Desenvolvimento Humano indignos de uma das Nações mais antigas da Europa.
Passo a passo, Sócrates está agora forçado a tirar, antes de tempo, os seus fraquitos coelhos da cartola: uma vez, a ameaça de nacionalização da Banca do Branqueamento, outras, com Orçamentos de Desatar a Rir de Chorar, outra, mais grave ainda, com tirar completamente o tapete ao Sistema Financeiro, passando, atrever-me-ia a dizer "estalinisticamente", a distribuir directamente dinheiro a empresas, num estatuto de semi-nacionalizadas.
No meio disto tudo, Portas discursa à PCP, e o Bloco de Esquerda encosta ao Oportunismo, com a sua mais maravilhosa epifania, Sá Fernandes.
Sim, eu sei, leitor, o texto vai longo, sobretudo para mim, que o estou a fazer de chofre, pelo que o vamos deixar por aqui, não sem antes vos dar uma palavrinha de esperança: para a semana ainda será pior...

( Gôndola Lúgubre, no "Arrebenta-SOL", no "A Sinistra Ministra", no "Democracia em Portugal", no "KLANDESTINO", e em "The Braganza Mothers")

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