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terça-feira, 29 de julho de 2008

Não é com vinagre que se apanham moscas...



Governo quer médicos a trabalhar em exclusivo no serviço público
29.07.2008 - 09h20 PÚBLICO

Não é preciso, sequer, ser inteligente para deduzir o que aconteceria se esta ideia inconcebível do governo que nos desgoverna fosse avante… Cada vez mais, o sector privado tornou-se aliciante para os médicos e já se vem notando uma acentuadíssima saída destes do serviço público para o privado. Ora, se estando as coisas como estão, isto já se verifica o que seria do sector público se esta medida entrasse em vigor? Simples, os bons médicos, aqueles que têm convite do privado, ou já lá trabalham parcialmente, saíam todos e apenas lá ficavam os que o privado não quisesse… quem sofria com isso? Os mesmos de sempre, a arraia-miúda por que os políticos e privilegiados deste país, em caso de necessidade, vão direitinhos ao privado. Pelo menos nunca vi no serviço público nenhum figurão, imaginem um fulano qualquer de tal sentado, se houver lugar, ao lado da fauna que costuma atafulhar as urgências…
Mais, falo apenas como utente que tem olhos, ouvidos e nariz, se fossem médicos o que prefeririam: trabalharem em instalações a cair de podres, com calores infernais, superlotadas, sujas, com pessoal que responde mal, não quer fazer, aparelhos perfeitamente obsoletos, etc, etc, ou, pelo contrário, trabalharem num bom gabinete, com belíssimas instalações, limpas, com pessoal motivado e educado, material recente e adequado, lugar à porta para parar o carrinho e ainda ganhar mais, trabalhando menos? A resposta deixo-a para vós…
Para o governo que nos desgoverna apenas deixo perguntas… como tencionam cativar os médicos? Como é que vão abrir carreiras especiais se têm estado a reduzi-las? Como é que vão equiparar um médico a um outro qualquer licenciado ou um especialista a um outro qualquer especialista nas outras áreas? Como querem aumentar o corpo clínico do público tratando cada vez pior os médicos, enfermeiros e outros funcionários da saúde? Meus caros, não é com vinagre que se apanham moscas… nem é no vinagre que V.Exas vivem…



Neste blogue praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão próprios das Sociedades Avançadas

10 commentaires:

Ana Camarra disse...

Não com vinagre eles tentam com insecticida.
É muito pior.
Ainda assim há muito bom médico no serviço público mas não sei por quanto tempo mais....
Tenho um primo terminou o Curso de Medecina aos 23, fês a especialidade num apice, trabalhava no publico, 48 horas de seguida, mal pago e com um constante desencontro com a mulher, Pediatra, borrifou-se e foi para o Hospital da Luz, bem pago, com horário certo e só trabalha um fim de semana por mês...

Buriti disse...

A estupidez é tanta que têm construído qualquer coisa que dizem ser um edifício e, ao mesmo tempo vão minando a sua base. Chegará o momento em que tudo desmoronar-se-á em cadeia. Têm fomentado, com a destruição do SNS, o desenvolvimento da saúde privada e, consequentemente, a saída dos médicos do público para o privado, porque neste há mais atractivos. E agora? Querem amarrá-los ao público. Ainda estamos para ver o que vai acontecer com a Educação. Aguardemos. Vai levar mais tempo, mas vai acontecer.
Há ainda alguém capaz de ver inteligência nesta gentinha?

e-ko disse...

o vinagre é um excelente antiséptico... à falta de melhor! e não concordo com o que aqui escreves... o SNS também está no estado em que está pela ganância da classe médica... as nossas maravilhosas elites que só sabem coçar-se para dentro, e a elas se deve a falta de médicos, e á sua desOrdem, com os números clausos, já algum tempo e com gritante défice nos próximos anos!!!

qualquer dia conto um certo número de histórias vividas por mim e por próximos que são exemplo do que esta poderosa corporação tem feito aos cidadãos portugueses que não são funcionários públicos. sim, porque esses não tèm sentido o descalabro!

quink644 disse...

E-ko, não discordo que haja no que dizes alguma razão, mas, a partir do momento em que fomentaram a abertura do negócio da saúde aos privados as regras do jogo mudaram... e elas são como eu digo, coloca-te no lugar de um médico e vê o que escolhias...

quink644 disse...

Sou da opinião, que aliás exprimi, que forçar uma medida dessas seria conduzir ao fim do SNS... Como há cada vez mais empresas privadas e lobbys no exercício do negócio privado da saúde, claro que subvencionados pelo estado, o que aconteceria, no meu entender era a fuga dos bons médicos, aqueles que eram escolhidos, para o privado; ficando o público com os restantes...
Paralelamente e por trás de tudo isto corre muito dinheiro, muitas influências e muitos interesses...
Uma coisa é certa, os médicos nunca ficarão a perder...

quink644 disse...

O que eu chamo à atenção é que na medicina, como em qualquer outra profissão, se uma pessoa é melhor remunerada e pode trabalhar com melhor qualidade no privado do que no público dá-se esta migraçaõ... Veja, além do mais, o que começaram por acabar foi com as pretensas regalias dos funcionários públicos, logo as carreiras e as eventuais regalias da função pública desapareceram... Depois, não havia o número de hospitais e clínicas privadas que hoje há, pelo que o privado, que era uma oferta residual, já não o é...

e-ko disse...

como noutros países a coisa pode resolver-se em parte com a exigência, já que os estudos de medecina são pagos pelos fundos públicos, com a exigência de uma dezena de anos de exclusividade de prestação de serviço no serviço público, como noutros países!

o sector público só pode absorver uma pequena percentagem dos profissionais de saúde... e há formas de fazer evoluir tudo isto, mesmo passando por revalorizar as remunerações do público e criando um sistema convencionado de prestações e regulamentação das tarifas dos actos médicos. actualmente, e já há algum tempo, os preços das consultas em clínica geral como em especialidades, nos consultórios privados, é dos mais elevados da União Europeia!!! um roubo!!! para um país em que os salários são duas ou três vezes menores!

quink644 disse...

Aqui total e absolutamente de acordo... Sem espinhas, mas não foi nada disso que foi falado ou proposto...

José Lopes disse...

Na saúde, como aliás em toda a segurança social, começamos a trilhar um caminho diferenciado para pobres e para ricos. Com esta medida extemporânea, quando há uma evidente escassez de médicos, a sangria dos quadros dos hospitais públicos pode acontecer, e isso não será benéfico para quem tem parcos recursos económicos, e são (somos) cada vez mais.
O que é que se pretende com esta medida?
Cumps

katrina a gotika disse...

Desta vez tenho de concordar. Não vejo que venha mal nenhum ao mundo em as pessoas poderem escolher um sector público ou privado em que trabalhem desde que, claro está, e como se aplica a todos os empregos, não ponham em causa o bom desempenho profissional.
A minha médica de família é uma profissional tão excelente que até fui eu a trazer ao assunto o pedido que não se reforme porque devia abrir um consultório privado. Já outros por quem também passei, mereciam era um par de estalos (e houve uma que quase os levou!, mas não tenham pena porque é mesmo uma ganda puta e trata mal os doentes do SNS mas é toda boazinha no consultório privado).

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