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Querida Lola:
Sou sua leitora desde o tempo da "Cartilha Maternal", de João de Deus. Acho que você tem feito mais pela noite do que todos os candeeiros fundidos do Vereador Sá Fernandes, nas moitas do Parque Eduardo VII. Eu ainda sou do tempo dos candeeiros a petróleo, e agora andam a falar muito, deus me perdoe, do... nuclear? O que é o nuclear, querida Lola?...
(Elisete Marçais, Vila Boca d'Aviar)
Querida Elisete:
Gosto imenso do seu sotaque do Vale do Ave. Já sei que foi posta na rua no célebre Triângulo das Bermudas Português, o maravilhoso Vale dos Três Rios, lá desaparece tudo, Fundos Comunitários, Fundos destinados à Formação, Fábricas, Empregos, Facturas, Patrimónios, Processos de Pedofilia, tudo, até, Nossa Senhora me perdoe, até o Rui Pedro ... Olhe, a propósio do Rui Pedro: Sua Excelência, o Procurador-Geral da República, a pessoa que mais tem zelado para que nada fique impune em Portugal, vai anunciar, segunda-feira, simultaneamente, que vai deixar de gastar dinheiro dos contribuintes portugueses com aquele assunto "Kitsch" da Maddie, e vai abrir uma nova investigação sobre o Rui Pedro. Deixe que lhe diga que adoro o Vale do Ave. É verdade que só lá acontecem milagres, mas graças a deus, daqueles que eu gosto: de cada vez que uma querentona, com três anos de escolaridade e as mamas descaídas, é posta na rua, dá-se à luz imediatamente um novo Porsche ou um novo Ferrari, ora nós gostamos é de Porsches e de Ferraris, não de saloias a trabalhar, à média-luz, a coser sapatos que depois vão ser usados por aqueles gajos da City, que, carregam num botão, e lançam na miséria 10 000 indianos de Cachemira. Quem tem tratado muito bem do assunto, no seu blogue, é o nosso querido Paulo Pedroso, não o nosso colaborador, que continua com o computador avariado, mas o outro, a "Romeno", parente do "Major", ciganagem, gente que vive como eu gostaria de viver, acima de todas as leis e suspeitas, mas eu sou uma pobre traveca de esquina, volta não volta, passa a P.S.P., mas agora já ficam na fase de me dizer "boa-noite, como está?..." Se fosse há 10 anos, ainda lá ia passar umas horas, mas como eu punha a boca no trombone, e, no dia seguinte, já meia Lisboa sabia tudo o que não devia, olha... desistiram. Quanto ao Nuclear, querida, como posso eu explicar o que é o Nuclear a uma pobre campónia, que foi arrastada do campo para uma indústria desqualificada, e agora cai no Desemprego, ainda mais afastada do rumo da História do que quando entrou?... Olhe, querida, o que lhe posso dizer é que o Nuclear é a pior coisa que pode acontecer a alguém que trabalha no meu ramo. Geralmente, o nuclear bate-nos à porta por volta das 5 da manhã, quando já não conseguiu o que queria em lado nenhum: eu levanto as saias, e é então que ele me tenta enfiar uma coisa... meu deus, na casa dos muito poucos centímetros, uma tripita, às vezes, 6 cms, ou, como diria o Dr. Vítor Constâncio, pior, 5,97 cms... 5,97 cms, querida, são 5 centímetros, 9 milímetros e 7 décimas de milímetro... Isso é o nuclear, para uma mente simples como a sua, filha. Nisso o F.M.I. tem toda a razão: a culpa é mesmo interna e estrutural. Você acha que alguém pode sobreviver com um rendimento desses?... Venha ver o estado das minhas traseiras, e responda a menina... Kisses.
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