Isto, de abrir um blogue, à pressa, em plena Estação Burra, tem muito que se lhe diga. Aparentemente, está a ser um sucesso, embora alguns dos nossos habituais colaboradores, ou já/ainda estejam de férias, ou com problemas técnicos. Depois se nos reunirão.
O pior da coisa é que muitas pessoas vão passar as férias na Net, como já a estão a passar no "Colombo" e no "Vasco da Gama". Lamento desiludir-vos, mas não será o meu caso. Tive um dos anos mais desgastantes da minha vida, e isto de ter sete existências pesa brutalmente. A parte boa é aquela de, e já que estamos em regime de intimidade e confissão, volta não volta, nos meus vários palcos, me fazerem a mais estranha pergunta que vocês possam, imaginar: "olha lá, já ouviste falar de uma coisa chamada "Braganza Mothers?..."
É daqueles momentos em que, tímido como sou, só me dá vontade de me enfiar pela terra abaixo: sinto-me imediatamente como uma Lola Chupa, a quem um furacão tivesse arrancado a roupa toda... Graças a deus, há sempre alguém ao meu lado que dá uma gargalhada e explica a situação. Nunca pensei que o heterónimo pudesse ter ganho uma notoriedade muito superior ao do ortónimo, mas aconteceu. Brevemente, pela própria Entropia dos sistemas, terei de me acostumar à ideia. É um louvor em vida, e auto-congratulo-me. Paciência.
O novo Braganza, como já repararam, para além de estar em permanente crescimento, nos seus três escassos dias, e na pior época do ano, sofreu uma redução de colaboradores. É a Austeridade e a Deslocalização: das duas irmãs, Lola Chupa e Lola Chupa y Mete, tivémos de optar pela mais nova. A mais velha, finalmente, conseguiu que o Industrial do Norte, que todos os anos a levava para Cancun, se divorciasse da gaja de bigode, uma tipa de Viseu, se não me engano, e deixou os três filhos entregues a um horrível monoparentalismo, com uma mãe peluda e um pai que deu em panilas. Aliás, a coisa é muito grave: parece que a paixão é forte, e o Industrial do Norte vai fazer uma operação de mudança de sexo, para abrir uma rata, pôr umas mamas, e implantar um útero e uns ovários. Como bom Social-Democrata, não faz mais do que a sua obrigação: a Família é para procriar, e esperemos que emprenhe brevemente da Lola Chupa, para nos dar uma barriga de aluguer, alegria de todos os programas do Goucha, da Maya e do Cláudio Ramos. Esperemos que seja rapaz, e lourinho, de olhos azuis, para poder ser apadrinhado pelo Zezé Castel'Branco, que tão bem conheceu a esquina como a mãe do nosso rebento.
Havia outros problemas com as nossas "personagens": muitas delas foram expressamente abertas para pessoas com uma imaginação fantástica, mas ao nível da oralidade, salvo seja, e recordo aqui, com saudade, a "humilhada", a "irmã buceta", o "ajoelhado e submisso", a "irmã alucinada", o "garoto de programa", ou a "sheila", daqueles que me lembre. O problema foi que cumprimos tudo, criámos as personagens, mas eles nunca escreveram uma linha, e isso foi uma chatice... Gostava, por exemplo, de ouvir da própria boca da Laura "Bouche", sempre nas dunas do Algarve, ao pé da Quinta do Lago, sempre "nua", e com a "tromba" -- tem um mangalho que é património classificado... -- sempre à vista. No meio da tarde, passa um bando de amazonas, e ele, provocador como sempre, tratou de lhes mostrar o rabo, até que elas o cercassem. Desde então, fazem questão de passar a galope, mesmo resvés-campo-de-ourique, só para chatear... Ah, esquecia-me de vos dizer: quem comanda a cavalgada é, nada mais, nada menos, do que a Carol Kennedy. Pois, eu sei, esta é mais uma história patrimonial, e não fosse eu a contá-la, o próprio nunca mexeria uma palha para o fazer. Ontem, o cenário era outro, mais doméstico, mas outro: eram quatro, em cima de uma duna, num kama-sutra escandaloso, enquanto, ao largo, o Hermann, mais a mãe, mais o camafeu dele, contemplavam. Tudo isto dava a tal Portugalia Monumenta Pornographica, que nunca se escreverá, mas a culpa não foi minha, eu bem tentei...
A "senhora da burka", já que me chegaram rumores de que isso provocava pseudo-conotações -- a paranóia é mesmo isso -- foi substituída pela "miss plutónio", nossa correspondente no quadrado ardente Tel-Aviv, Bagdad, Teerão, Kandahar, onde os piores horrores dos próximos meses se poderão desenrolar.
Também tínhamos um quarteto oscilante de facínoras, "mugabe", "adolph", "madame mao" e "estaline" que foram para a prateleira de disponíveis. Para quê recordar crimes do século passado, não é?...
Em contrapartida, o tempo é do Nuclear, e os nosso "quarks", componentes elementares da Matéria, enfiados por tudo quanto é sítio, já parecem prometer.
Uma boa leitura, pois, e uma excelente noite.
2 commentaires:
Obrigada Arrebenta! Boas férias para ti e quanto ao blogue, já se sabe que vai correr bem ;-) Na sua essência, sempre existiu.
Abraço,
M.
Isto sem a d. Lola nunca vai ser a mesma coisa.
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