O gosto e a língua
Um mestre zen descansava com seu discípulo. A certa altura, tirou um melão do seu alforje, dividiu-o em dois, e ambos começaram a come-lo.
No meio da refeição, o discípulo comentou:
- Meu sábio mestre, sem que tudo que o senhor faz tem um sentido. Dividir este melão comigo talvez seja um sinal de que tem algo a me ensinar.
O mestre continuou a comer em silêncio.
- Pelo seu silêncio, entendo a pergunta oculta – insistiu o discípulo. – E deve ser a seguinte: o gosto que estou experimentando ao comer esta deliciosa fruta está em que lugar: no melão ou na minha língua?
O mestre não disse nada. O discípulo, entusiasmado, prosseguiu:
- E como tudo na vida tem um sentido, eu penso que estou perto da resposta a esta pergunta: o gosto é um ato de amor e interdependência entre os dois, porque sem o melão não haveria um objecto de prazer, e sem a língua...
- Basta! – disse o mestre. – Os mais tolos são aqueles que se julgam os mais inteligentes, e buscam uma interpretação para tudo! O melão é gostoso, isto é suficiente, e deixe-me come-lo em paz!
encontrado em formato pdf na net, como outros livros de Paulo Coelho, que não faz parte da minha biblioteca nem das minhas leituras, mas que indicarei mais tarde onde poder descarregar os seus livros em leitura livre e a propósito da economia da gratuitidade na internet. se não souberem o que fazer, procurem e leiam sem ter de comprar os livros.
imagem da autoria da e-ko: pintura digital com finas lâminas de melão
2 commentaires:
Lá tens a tua resposta...
é só só uma resposta muito zen!
e um pretexto para conjugar um texto encontrado ontem antes de ter feito a imagem e só hoje ter encontrado a relação entre os dois!
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