Neste blogue praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão próprios das Sociedades Avançadas
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Já escrevi um texto primo deste, mas agora vem o familiar.
Poucas coisas temos tão certas como sair uma atmosfera ferreira-leitista das Eleições de Setembro. O mais extraordinário é que poderá ser a linha orientadora de um governo tripartido, PS/BE/PSD, ou PS/CDU/BE. Como diria o Cínico, até nos podemos arriscar a ter um ferreira-leitismo de "Esquerda".
O Ferreira-Leitismo é um ovo de colombo, e consiste em agarrar numa máquina de calcular, somar algumas parcelas, e chegar à conclusão de que se gasta muito mais do que se tem. No Ferreira-Leitismo original, ela poria aquele ar de ostra ressequida, faria o seu sorriso enigmático de engelhada, e diria, "vamos ter de fazer cortes drásticos"...
Bonito vai ser ver, no final do ano, a porta voz do Governo, Ana Drago, por exemplo, aparecer nas televisões, com a sua boquinha de fazer broches a grilos, a olhar-nos bem nos olhos, e a dizer "vamos ter de fazer cortes drásticos"...
Este é o Ferreira-Leitismo de "Esquerda".
A espiral é elementar: entre administrações desmesuradas, obras com custos a mais, consultorias externas, quando lá havia dentro quem já fosse pago para fazer o mesmo, assessores, amantes de levar na boca e nos restantes buracos, parasitas, enteados, filhos de, netos e irmãos de, maçons, opus dei, opus gay, fufas, aleijadinhos, transgender, obras de caridade, gamanços puros e simples e alguns porque-sim, o Estado é uma máquina infernal que se confunde com o ideário da população, e é totalmente igual ao Setor Privado, só que usa papel timbrado.
Aliás, como Epiteto poderia ter dito, em Portugal há o Estado e há o que não é o Estado. Tudo o que não é o Estado aspira a ser Estado.
Com o Ferreira-Leitismo, "ça ira de soi", ou seja, vai-se descobrir que o dinheiro necessário para sustentar o Estado não existe, e isso levará, com uma travagem de mão de sair tudo pelo vidro da frente, a "excendentar" tudo o que não estiver colado pelos elos de compadrio anteriormente descritos. Lá se arranjará uma forma de pendurar esses desgraçados na Segurança Social, o que representará imediatamente um sobresforço para particulares, contribuintes e, claro, o... Estado. Numa imagem simples, serão corridos pela porta da frente, e voltarão a entrar, a correr, pelas traseiras.
Vai ser genial, porque, uma vez limpo o Estado, vamos ter tudo pendurado, de uma forma ou outra, no não-Estado, coisa que vai durar pouco, porque nós não produzimos nada, exceto coisas geralmente reprováveis, e que são motivo de riso lá fora. Teremos, pois, mais alguns tumores, em forma de BPP, BCP e BPN, com calotes monstruosos, e um derrapar cataclísmico do "deficit" de Estado, e, então, o Estado terá de intervir para ajudar o Privado, exaurido por estas excrescências do ex Estado, pelo que todo o Privado passará a integrar, nacionalizado, ou subsidiado, o... Estado.
Suponho que nem Estaline se teria atrevido a ser tão ferreira-leitista como a nova deriva que nos espera, a partir de Setembro...
A fase seguinte é um bocado pior, porque será o ciclo anterior, mas em grande e mau, a acabar depois numa espiral de canibalismo, de jovens desempregados a matarem a avó para ficarem com a casa, mais os brasileiros a quem ela alugou quartos a 200 € por cabeça, de velhinhas de 80 anos a calcetarem as ruas e a receberem, ao fim do dia, como paga, uma injeção atrás da orelha, para limpar os excedentes populacionais.
Confesso que já me estava a deixar levar pela escrita: adoro previsões e premonições, mas vamos à Realidade. Ao contrário de outros dirigentes partidários Manuela Ferreira Leite mostrou ser visionária: há semanas, quando lhe perguntaram se tinha reparado que a Socratina andava mais simpática, disse que "só se fosse cega é que não tinha visto".
Já era um piscar de olho ao "Avastin", e o "Avastin" faz parte de uma síndroma mais vasta do que o ferreira-leitismo: é o espírito nacional do "é-perigoso-mas-temos-de-gastar-os-estoques-todos-já-que-estão-comprados". Assim foi com a Leonor Beleza e os lotes de sangue contaminado, assim será com o "Avastin", que provocou cegueira, mas deve continuar no mercado (!).
São estes deliciosos pormenores que aumentam o meu prazer de estar a chafurdar nesta desgraçada contemporaneidade. Aliás, se contar bem as coisas, este país nunca me deu nada, exceto aquele meu diploma da quarta classe antiga, concluído num Domingo de Ramos, e uma promessa de desemprego, de aqui a meia dúzia de meses.
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