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sexta-feira, 8 de agosto de 2008

O Ovo da Serpente

Neste blogue praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão próprios das Sociedades Avançadas
Imagem do KAOS
Dedicado à minha querida Maria Amélia e ao seu agonizante e espantoso "Chaparral"
É a segunda vez que me obrigam a interromper as férias, este mês. Não, não estou, nem sou, a Praia dos Tomates, nem o Pulo do Lobo, e só venho aqui falar de uma coisa que já pairava, como rumor, e há muito, entre nós, os que ainda VEMOS: Portugal, uma Bandeira de Conveniência, andava, de há tempos para cá, entregue aos "racings", e desrespeitava todos os sinais vermelhos. É tudo natural, desde a loura que é assaltada dentro do jipe que o galifão lhe põe nas unhas -- você sabe que num desastre, a loura, se estiver dentro de um jipe, é sempre quem sofre menos?... -- até à velhota, meio surda, a quem os mulatos vão às notas de 50€, metidas no colchão, e com ela em casa. Com um pouco de azar, não haverá violação.
Apetecia-me dedicar este texto e dediquei a quem de direito, por razões que sou e ela saberemos.
Hoje, Portugal funcionou: houve uma crise urbana grave, e inediatamente acudiu o Presidente da Câmara do Martim Moniz; a meio da tarde, aquele sapo amarelo que é Ministro da Administração Interna veio espalhar um pouco de mau hálito pelas televisões, e foi dormir; Cavaco interrompeu as férias, interditou o espaço aéreo sobre as orlas suburbanas de Albufeira -- com medo de que dessem um tiro de misericórdia na Maria e os estrangeiros fugissem no meio de uma revoada de penas de galinha-da-guiné -- e dirigiu-se à Nação, naquele tom grave de perdigotos que tanto devemos a Glória de Matos; no outro lado do Mundo, Sócrates entrou em video-conferência, para serenar a capital, e Câncio escreverá amanhã em defesa das minorias que vêm assaltar bancos por necessidade (O resultado no senso comum, será ainda um malfadado crescendo de xenofobia...); na Oposição, Manuela Ferreira Leite soltou, qual Confúcio, mais uma frase lapidar: "os bancos são para depositar dinheiro e não para assaltar".
Gostei de ver uma coisa que não era um espectáculo, e provou a perícia de uma Polícia altamente preparada, quer para o jogo da minúcia, quer para o xadrez psicológico. Durante nove horas, enquanto o Estado fazia desfilar as suas mais altas patentes pelos órgãos de Comunicação Social, trabalhou sózinha... coisas da vida. Ah, entretanto, o Tribunal da Relação, que tirou das unhas da Justiça o insuspeito Paulo Pedroso, resolveu voltar a condenar Vale e Azevedo, o que já se tornou numa rotina do Rectângulo. Suponho que o outro se deva estar a rir às gargalhadas, e eu só não estou, porque detesto assistir à morte em directo, nas televisões.
O final é mais disfórico: com a vergonha da Maddie ficámos com a sensação de que tínhamos uma Polícia que não prestava, a juntar a uma Justiça que Marinho Pinto descreveu na perfeição. O problema da coisa é que não se confina cá dentro, transborda lá para fora, e é natural que imigrantes, perante um país onde tudo acaba "ARQUIVADO", se atrevam a actos audazes: isto é o Ovo da Serpente.
Ontem, estávamos num cenário de Cauda da Europa único: suspeita de má polícia e certeza de má justiça.
Num golpe de ombros, a Polícia tomou a honra nas mãos, e mostrou que os nossos impostos ainda podem ser gastos com dignidade.
Parabéns.

1 commentaires:

MMV disse...

São todos uns santos!

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