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terça-feira, 20 de abril de 2010

A Viagem a Praga (d'après Morike)

Neste blogue praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão próprios das Sociedades Avançadas

Imagem do Kaos


Para os mais inocentes, convem recordar que a Viagem a Praga começou em 1985.

Era uma vez um saloio, filho de um homem de uma bomba de gasolina, que tinha ido tirar um canudo lá fora, e, por isso, se "achava".
Naquelas eras, pagar um curso a um saloio, em Inglaterra, não era para todos, mas, nem por isso, deixava de ser mais uma manifestação de saloice.

Partiu saloio, saloio voltou, e saloio se meteu num célebre Citroën, que foi à Figueira da Foz fazer a chico-espertice de uma rodagem saloia: lá dentro, ia um saloio, apostado em trair um Bloco Central, chefiado por Mário Soares, pessoa que nunca foi muito boa em contas, mas tinha acabado, com Ernâni Lopes, de equilibrar Portugal, à justinha, muito à justinha, na beira de um abismo pré-Europeu.

O saloio era eurocético, o que quer dizer que não sabia onde ficava a Europa... não, estou a ser injusto... quando submetido a testes de aptidão, sabia dizer, dez vezes mais rápido onde ficava Boliqueime do que Praga, e eurocético continuaria, se não tivesse havido uns javardolas, da sua área de adoção -- qualquer servia, já que o Antigo Regime estava extinto... -- que lhe assopraram aos ouvidos de saloio que Europa=Dinheiro. Ora, o saloio tinha um doutoramento em dinheiro, e achou que era a altura de dar a facada na Política, para que os compadres enchessem os bolsos de matéria prima.
Como qualquer saloio, era menos de roubar do que de deixar roubar, e, em seu redor, reuniu todas as estratégias que permitissem ordenhar o último Brasil e as últimas Especiarias que Portugal conheceria.

Deixou obra feita: estradas com curvas da morte, linhas férreas arrancadas, o litoral cheio de casinhas de pacóvios, as esquinas, onde antes havia pastelarias, infestadas de bancos, ladrões, drogados e polícias. Como só conhecia a posição do seminarista, alinhou, com o seu amigo, Reagan, a sopeira Tatcher e o mineiro Ratzinger, numa coisa que matava os seres contra a Natureza, e que se chamava Sida. De caminho, foram alguns hemofílicos, mas a co-culpada foi ilibada e promovida, já que num país de cegos, o melhor é mesmo chefiar um instituto para os olhos. Inaugurou a roleta russa da Bolsa do toca e foge; abriu a banca aos apaniguados de S. Balaguer, roubou no alcatrão das estradas, e tornou célebres nomes dignos da Chicago dos Anos 20. Os Tribunais, que vinham dos tempo dos Tribunais Plenários, do Sr. Salazar, adoraram, e, em vez de prender, tornaram heróis caras muito conhecidas, como Ferreira do Amaral, Mira Amaral e o célebre Cardoso e Cunha, muito conhecido dos tráficos e da falência. Foi a era gloriosa do "Major", do satélite português e do Centro Cultural de Belém, que custou duas vezes o Guggenheim, de Bilbao. Na Cultura, pontuava do alto do Órgão Oficial da Coisa, o "Expresso", uma rameira, Ferreira Alves, cuja incultura ditava os "nóbèles" da casa, uma bichona, o Melo, que percebia tanto de Pintura quanto eu de Futebol, e mais uns merdas afins. Santana Lopes chegou a ser Secretário de Estado desse bolo; Ferreira Leite, da Educação (!), e os Ministros e Secretários de Estado iam caindo, ou à pala de taveiradas, ou de Pedofilia, ou com anedotas sobre o alumínio da hemodiálise, ou, tão-só, porque sim.
Com Cavaco, passámos das árvores de plástico do Setor Primário para os depósitos diretos na Suíça, do Terciário, e quem os não fez é porque foi parvo.
A Função Pública era então feliz, porque não se chegava a reformar: apenas se esperava que morresse, na paz do senhor Ratzinger.

Cavaco era um cobarde, mão sempre suadas, e, pela primeira vez, desde Salazar, mandou disparar sobre uma multidão, pelo gatilho de Dias Loureiro, um gajo que o Sistema adorava e que depois chegou onde chegou, passando por onde passou. Foram os dias em que mais suou, e, quando os Portugueses se livraram da Praga, já estavam irremediavelmente na Cauda da Europa.

O resto é ainda mais público: veio o Guterres, que achou que um país lá progredia com generosidades, e deixou crescer todo o tipo de monstros, desde Fundações a Redes Pedófilas, beatizando o Estado através do crime de colarinho branco, reciclando Comunistas mal paridos, e atirando os Portugueses para dívidas perpétuas a Bancos e Construtores Civis.

Com Cavaco, fora o direito ao frigorífico; com Guterres, inaugurava-se o direito ao friso de azulejos, na Brandoa; para os poucos outros, era o alegre viajar pelos "off-shores".

Um dia, caiu uma ponte, em Entre os Rios, felizmente, por causas naturais, e o ciclo inverteu-se, com o último Ministro a demitir-se, e o Picareta Falante a fugir, depois de perceber quem eram Ferro Rodrigues, Jaime Gama e o Paulo Pedroso.
Chamou-lhe "pântano", porque estava com a boca pegajosa, nesse dia: eu chamar-lhe-ia hoje outra coisa bem pior...

Inaugurado o Declínio, Barroso, um dos mais sinistros invertebrados de Cavaco, proclamou a Tanga do Livrinho Vermelho, e o Portas entretinha-se com renegociar submarinos, onde tanta a gente metera a unha que também a unha achava dever seu meter, e lá meteu.
A viuvinha, Nobre Guedes, abatia sobreiros, e inaugurava a substituição do Banco de Portugal pelo BES.
Um dia, à medida que as cinzas vulcânicas iam encobrindo os céus, desataram todos a fugir: um Maçon cor de cenoura a dar golpes de estado palacianos, e a surgir da sombra o derradeiro Carrasco de Portugal.
Sócrates não era um Político, era um emissário do Fim da Coisa, não fosse a mãezinha dele daquelas de bater às portas, a anunciar o Fim dos Tempos. Brevemente, até disso ficará desempregada.

Entre estas pragas, prosseguíamos para Praga, o Saloio de Boliqueime já senil, convencido de que estava no Estado Novo, pôs a Maria a subir-lhe as bainhas para dois mandatos, até que o Senhor Havel, na República Checa, lhe perguntou se não estava assustado com o estado do País dele, que, por acaso, até é o nosso, mas o outro não percebeu, porque, mesmo sem país, o segundo mandato é mesmo para cumprir.

Feitos a caminho, já de "caminhete", voltaram aos tempos áureos da sua essência, o sacolejão de estrada, a valise atada com cordões, a água-pé que oscila de boca em boca, a corcunda com a cabeça deitada nos joelhos dos fatos vincados do seu Aníbal, outra vezm vinte aninhos, cantarolando musiquinhas do tempo em que as moçoilas eram virgens, e perguntando, "amor, não percebi aquela do devermos estar preocupados?... Eu não vou voltar a ser Primeira Dama para o ano"?
Pois é, claro que vais: estás à distância disso de um telefonema para o Garrafão de Águeda, que quer pôr o vinho a substituir a gasolina nas rodagens dos citröens, benzó-deus, e mesmo que não telefones, a Irmã Lúcia obrará esse milagre para ti.

Na Alemanha, mandaram parar as "caminhetes", convencidos de que ali vinha mais um bando de Turcos, para poluir as "banlieux" de Berlim, mas a Maria acenou lá do fundo, e, depois de encostada ao compartimento das bagagens, revistada, e apalpada em todas as partes -- as Turcas e as Romenas traficam coca na Boca da Servidão... -- foram reconhecidos "Portugueses", pelo passaporte da mulher de bigode da Saúde, e deixados seguir viagem -- quanto mais depressa fora de aqui, melhor!... -- , a caminho da Bancarrota. Só a Katia Guerreiro ficou com o telefone dos "Polizei", para o caso de precisar de algum cilindro desentupidor da garganta.

Nós, por cá, todos bem.
Escapámos, como escapamos sempre, às cinzas, e o Figo já começou a limpar a imagem, dizendo que "tem orgasmos com o Messi", na velha tradição portuguesa do homoerotismo do "Esférico".

Assim terminou a Viagem a Praga.

Durou 26 anos, e foi um pouco como Marco Polo, partiu ainda de Veneza próspera, mas, já chegado, tinha, à sua espera, uma bela e justificada Bancarrota.

(Quádruplo vómito, no "Arrebenta-SOL", no "Democracia em Portugal", no "Klandestino", e em "The Braganza Mothers")

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