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quinta-feira, 29 de abril de 2010

Grandes Êxitos do "The Braganza Mothers I" - "O País dos Agachados"

No meio do incêndio que foi o dia de ontem, recebi o seguinte aerograma do nosso leitor e ex-membro (apenas "ex", porque as Secretas do Sócrates lhe violaram o computador, quando acharam que ele estava a tornar-se... perigoso). É a cópia do diálogo entre um oficial e uma família, que desconhecia o que era uma Guerra, mas ainda sabia o que era um... filho. O filho deles.

A.F. era oficial, no tempo da Guerra de Anexação do Ultramar pelas Super-Potências da Guerra Fria: cada um dos seus homens era vivido como uma projecção de si mesmo; o diálogo com as famílias era a insuportável escrita sobre o insuportável de uma comunicação que qualquer ser humano, digno desse nome, não suportaria.

Infelizmente, sempre tivémos uma propensão política par sermos governados, ou por seres impiedosos ou por autómatos grotescos -- atente-se em Cavaco e Sócrates... --. Durante a Guerra de Expoliação de África, havia quem acreditasse estar a lutar pela sua Auto-Determinação, e havia quem cumprisse o seu dever, embora soubesse que o Tempo daquela Causa estava obsoleto. No meio disto tudo morriam milhares, e outros milhares ficavam como se estivessem mortos: são as nossas mazelas escondidas. De quando em vez, a palavra de uma luz era a única luz para quem precisava dela, a milhares e milhares de quilómetros de distância e obscuridade. Houve muitas chefias que não estavam escondidas em gabinetes com ar condicionado, a contar, bocejando, pés e mãos amputadas, que regressavam, dentro de caixotes, enquanto um ser pardo e sinistro -- um Marcelo Caetano, um Rebello de Sousa Pai, e, depois, um Constâncio, um Sócrates, um Carrapatoso, um Cavaco, e quejandos -- do lado de cá, do lado confortável da coisa, produziam os célebres discursos do tudo-vai-bem-e-a- caminho-do-melhor.

Livrámo-nos do horror da Guerra, mas não nos livrámos dessa horrível tendência nacional para... branquear e mentir. De um certo ponto de vista, estamos infinitamente mais estúpidos do que antes. Eu explico por quê: nesse tempo, o A. F. e os seus companheiros, Capitães de Abril, quando acharam que a coisa estava realmente insuportável, levantaram-se, e deram-lhe um coice tal que ela se desfez em pó. Pena foi que a não tivessem espezinhado, ao ponto de agora ressurgir, com mais força e mais descarada do que nunca. Nós, cobardemente, mas felizmente já sem essa guerra, sempre que a coisa aperta e ultrapassa os limites do suportável, imediatamente viramos a proa na direcção das "Docas", da "Floribella" e da Senhora de Fátima.

É o célebre País dos Agachados.


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