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Caso não tenham reparado, o Governo de Portugal encontra-se numa unidade de cuidados intensivos. Não, não esfreguem as mãos, por razões várias, muitos de nós fomos responsáveis, com o nosso voto, pela sua existência, e depois, coisa bem mais grave, não é o Governo de Portugal que está nos Cuidados Intensivos, somos todos nós, que à vez, iremos perceber que também já estamos com uma senha de vez, na mão.
Sou cidadão português, adulto, com a minha saudável dose de taras e manias, e um perigoso sentido de análise da Realidade. Pelo gosto, sou bastante exclusivo, e reconheço, a quilómetros, quando uma coisa cheira mal. Há, para casos como o meu, uma alínea constitucional, que me salvaguarda o direito de, ao sentir que há mau cheiro no canal, não ser forçado a aproximar-me mais do que quero. Ora sucede que, neste decorrer dos meses, apesar de cada vez gritar mais alto que NÃO QUERO, há uma máquina torpe, medíocre e teimosa que me diz, "não queres, mas has de comer..."
Não como.
Vamos tratar os bois pelos nomes, e voltamos ao Flagelo da Educação. A Educação, em Portugal, está neste momento reduzida a trincheiras onde se faz tudo menos educar. De um lado, um grupo limitado de pessoas, com percursos humanos, académicos e políticos altamente duvidosos, que, mercê das circunstâncias, se tornaram tão públicos, tão batidos e tão escandalosos que não há uma só pessoa interessada que não os conheça, e pelas piores razões. Do ponto de vista do pietismo, Lurdes Rodrigues e Valter Lemos, por exemplo, esticaram de tal modo a corda, até ao ponto do não-retorno, que se esqueceram de que, de um dia para o outro, poderiam voltar a ser banais cidadãos, com direito a privacidade pessoal e ao direito de circulação e anonimato, mas que, pelos seus comportamentos anómalos, passarão a ter, para sempre, a sua integridade em risco.
Numa leitura de Aldeia Global, abdicaram, no futuro, do Direito à Indiferença.
Não há paralelos, mas há imagens que marcam: detesto duas, a de Mussolini e da amante Claretta Petacci, pendurados pelos pés, e a de Ceausecu e da mulher, mal caídos juntos de um muro, olhos abertos, e vítimas de fuzilamento sumário. Em quadrantes diversos, eram as imagens de horror de dois regimes onde o ódio tinha sido extremado.
Do outro lado da barricada, temos os cidadãos com habilitações mais elevadas da Sociedade Portuguesa, coisa que se tornará ainda mais evidente, quando esta guerra se estender ao Ensino Superior -- e está iminente -- e, portanto, desabituada a tratamentos de feira, de peixaria ou de zaragatas entre rameiras e chulos. De um dia para o outro, todavia, descobriram que estavam a lidar com gente politicamente incompetente, academicamente filha do só-deus-sabe, com intervenções na sociedade totalmente anómalas, e com problemas existenciais do foro clínico, mas tornadas em jogos de opressão do Outro. Esse foi o primeiro 1 a 0 dessa corja, o usar armas sujas, com pessoas que estavam habituadas a corredores de pelica e a discussões de patamar intelectual superior. Foi o primeiro, mas já acabou. Neste momento, não haverá na elite portuguesa quem ainda não tenha percebido que essas pessoas não prestam, de qualquer que seja a perspetiva em que sejam abordadas. De aí deriva, como imediata consequência, que qualquer que seja o método que queiram adotar, já perderam qualquer credibilidade na "avaliação" de quem quem quer que seja, porque avaliar pressupõe, pelo próprio valor axiológico do termo, uma superioridade nascida do reconhecimento, e nem a Dona Lurdes, nem o Senhor Valter e o Pedrosa dispõem de qualquer idoneidade para o fazerem. Tornaram-se demasiado conhecidos, e por aqui acaba qualquer diálogo. Aceitar qualquer proposta de avaliação provinda desta corja equivaleria àquela terrível situação que Oscar Wilde descrevia como "a tirania do mais fraco sobre o mais forte".
Não queremos.
O problema, todavia, como sabem, é mais vasto, e vem de um Governo cujo Primeiro-Ministro sofreu a mesma descredibilização Política, Social, Académica e Humana, desde o Caso do Diploma. Há quase dois anos que José Sócrates perdeu qualquer tipo de idoneidade para governar um País Civilizado. Talvez fosse bom para fazer companhia ao seu amigo Mugabe, que preferiu receber, na mesma altura em que virava as costas ao Dalai-Lama, por exemplo. É um oportunista, perverso, filho de uma má-consciência e capaz de tudo para se perpetuar no Poder. Move-o a Vaidade, a fonte de energia mais inesgotável e infinita do Universo, mas nós estamos cá para lhe provar que ele não tem motivo nenhum para vaidade: é um subproduto de um subúrbio europeu, e só consegue singrar porque a quase generalidade da população está mergulhada numa passividade, insensibilidade e níveis de ignorância tais que não conseguem ver que o rei está nu, e essa é a verdadeira Crise da Educação: a incompetência da Opinião Pública.
O "Sol", e agora o "Público", começaram a desenterrar o "menino" que estava em coma induzido. O blogue de Joana Morais é exemplar, e faz a estranha "linkagem", em que temos vindo a insistir, entre as coisas duvidosas do "Caso Maddie" e uma estranha ocorrência, a meter Sócrates e a mãe (!) -- Freud sempre tinha razão... -- os advogados e autarcas do costume, e o usual varrer para debaixo do tapete. A coisa não era nova, e também já tinha circulado pelo "Diário de Notícias" e pelo "Expresso", e anda agora pelas mãos de Cândida Almeida, que até é capaz de ser uma excelente pessoa, mas que, perante os ouvidos incrédulos dos Portugueses, mandou, um dia, arquivar o Caso do Diploma (!)
Quem arquiva um diploma mais facilmente arquiva um "Freeport", mas isso é-me indiferente, porque já não conto com a Justiça Portuguesa para nada, exceto para os desânimos e as anedotas de corredor. No fim, já todos sabemos, haverá sempre um Bibi e um Vale e Azevedo que serão sempre os culpados, e o resto continuará paisagem e gente de mente suja a lançar suspeitas sobre cidadãos honestos.
A porca torce o rabo a ser iminente a Justiça Britânica estar a desenterrar o "Freeport", o que viria ferir de morte Sócrates e os seus ridículos penduricalhos governamentais. Aliás, suponho que esta escalada de tensão entre Poderes Nacionais é já prenúncio de que os senhores se sentem perdidos. Em caso de desespero total, tentarão uma "berlusconização" do Regime, uma antecipação de Eleições, e uma coisa com a qual vocês nunca sonharam, mas a Itália já tem em vigor, que seria um Sócrates, imunizado, por uma Segunda Maioria Absoluta, e colocado acima de qualquer Lei da República.
Não, não se riam: esse é o filme a que poderemos assistir em 2009, e está nas vossas mãos evitá-lo.
Na Blogosfera, ergue-se um movimento que intenta utilizar o voto como arma de protesto, destruindo as massas eleitorais, e entregando os resultados a estranhas derivas, que poderão conduzir a combinatórias parlamentares inesperadas (Pode ler AQUI).
A luta pela Cidadania, todavia, tem de se tornar mais certeira e minuciosa: caso vos interesse, voltei a relembrar o papel do maçónico Jorge Sampaio no 1º Golpe de Estado do Regime Constitucional Português. Todos nós assistimos, e não percebemos o que era, mas já então era.
Há, igualmente, pela Blogosfera, um rumor crescente de que é necessário desmascarar as Sociedades Secretas que governam Portugal. As mais conhecidas são, como é sabido, as diferentes tonalidades da Maçonaria e da Opus Dei, mas não são as únicas, e vamos já a uma verdade de La Palisse: sendo o Supremo Magistrado da República maçónico, e não sendo o Grão-Mestre dessa... coisa, sucede, por silogismo simples, que ocupa uma posição inferior na sua Loja, ou seja, acima do Presidente da República existirá alguém a quem ele deva OBEDIÊNCIA, ou, seja ainda, por transitividade, haverá alguém, na Sombra, que manda em si, cidadão, porque manda no SEU Presidente da República.
Vire o disco, e onde escrevi Maçonaria, escreva agora Opus Dei, ou qualquer coisa afim que lhe venha à testa.
Uma coisa destas é incompatível com DEMOCRACIA, e, ou se clarifica, ou vamos ter de agarrar em chuços e acabar com ela, à força.
Talvez este parágrafo lhe torne mais claro o que aconteceu com Paulo Pedroso, Ferro Rodrigues, Sanatana Lopes, Paulo Portas, José Sócrates, e uma estranha dissolução da Assembleia da República, a pretexto de um Governo que não fez nem a centésima parte do que esta corja tem feito.
Mais do mesmo vem, e torna claro os sorrisos e impunidades de Fátima Felgueira e Armando Vara, quando nos revelam que foram, em idos de 90 sócios fundadores de uma porcaria chamada "SOVENCO" -- depois, obviamente, falida -- com o Sr. Sócrates. Se não acredita, leia aqui, pesquise no "Google", e far-se-lhe-á imediatamente luz sobre muita coisa.
São os Ovos de Colombo da Situação.
Vamos voltar à base: a vaidade de Sócrates não suporta viver sob pressão. A Justiça Britânica, a ser verdade que o está a investigar, e suponho que isso deverá ser a fotonovela das próximas semanas do "SOL", irá pô-lo numa situação igual, ou pior, àquela em que já deveria ter sido colocado, no "Caso do Diploma", porque a Justiça Inglesa não vai lá com telefonemas, gritos histéricos e ameaças. Mais, uma visão atmosférica de toda esta porcaria só me dá vontade de aplicar aqui a mesma bitola do tão criticado Sistema Americano: peneirar, até à exaustão, todo o passado pessoal, politico e quejando dos candidatos a voos políticos. Uma vez descoberta a mácula, afasta-se, e ponto final.
Uma tremenda frente de batalha é a dos Professores: este mês vai ser decisivo para combater um inimigo torpe, desclassificado, e que a História já avaliou como um dos piores períodos políticos da nossa existência, enquanto Nação. Pode parecer que estamos num impasse. Não estamos: até pode suceder que, depois de conquistado o terreno, entre as ruínas, e chegados à porta onde julgamos estar a terrível fera inimiga já só encontremos, depois de um pontapé de arrombamento da porta, três corpos mortos no chão, e já em adiantado estado de putrefação. Até lá, toda a UNIDADE e imaginação serão fundamentais.
(Pentágono de resistência, no "Arrebenta-SOL", no "A Sinistra Ministra", no "Democracia em Portugal", "Klandestino" e "The Braganza Mothers")
1 commentaires:
Cantai bichos da treva e da aparência
Na absolvição por incontinência
Cantai cantai no pino do inferno
Em Janeiro ou em Maio é sempre cedo
Cantai cardumes da guerra e da agonia
Neste areal onde não nasce o dia
Cantai cantai melancolias serenas
Como trigo da moda nas verbenas
Canta cantai guisos doidos dos sinos
Os vossos salmos de embalar meninos
Cantai bichos da treva e da opulência
A vossa vil e vã magnificência
Cantai os vossos tronos e impérios
Sobre os degredos sobre os cemitérios
Cantai cantai ó torpes madrugadas
As clavas os clarins e as espadas
Cantai nos matadouros nas trincheiras
As armas os pendões e as bandeiras
Cantai cantai que o ódio já não cansa
Com palavras de amor e de bonança
Dançai ó Parcas vossa negra festa
Sobre a planície em redor que o ar empesta
Cantai ó corvos pela noite fora
Neste areal onde não nasce a aurora
José Afonso, Coro dos Caídos
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