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sábado, 9 de janeiro de 2010

Os Orgasmos fingidos de Clara Pinto-Correia, seguidos dos Orgasmos Reais de Mário Nogueira, e um valente broche de Isabel Alçada




Imagem do KAOS


Hoje é um dia histórico para Portugal: Clara Pinto-Correia finalmente saiu do armário, e foi para Cascais expor os seus orgasmos. Já não era sem tempo, porque a série é notável.
Ao pé daquilo, Goya e Piranesi são hoje dois pés descalços.
Mal soube da notícia, fui de pijama e chinelos comprar a edição do "Correio da Manhã", e tive de espancar uma reformada, que queria ficar com o último exemplar: ou a velha, ou o jornal, e eu preferi dar cabo da velha a ficar sem o jornal.


Estou, há horas, a saborear a profundidade daquela estética e a profunda sensualidade do modelo: há fotos comoventes na série, uma, sobretudo, em que ela tem os papos do pescoço todos lançados para trás, num "plongé" a três quartos, com uma expressão enlevada de quem está com as mucosas a serem raspadas pela língua áspera de um daqueles siameses, já com peladas, mas ainda senhor de miados aluados, capazes de fazerem vir-se uma catedrática.
Há outras poses, mais sérias, em que sentimos que não é a língua do gato que está a fazer o frete, mas o seu cãozinho, derreado, e com os olhos cheios de cataratas, o olfato completamente desativado, que lambe aquela catacumba com a avidez de quem está a ratar os restos de uma sopa de rabo de boi. Há uma osmose, uma empatia, uma siamesice, que não tem paralelo na História Natural, desde que a alga decidiu juntar-se com a bactéria, para dar origem aos líquenes (que aquele que era Presidente da Associação de Municípios tinha na careca, lembram-se?...).
Essas fotos são extraordinárias, porque dir se ia que o cão estava ali desde o Início dos Tempos, e ela is estar a fingir aquilo, até ao Final das Eras.
É uma coisa maravilhosa, e se pusessem lá uma turbina, dava mais energia do que todo o parque eólico nacional, sendo também renovável, agradável e... execrável.
Melhor do que todas, todavia, é aquela em que ela fuma, depois de ter aberto a goela de hipopótamo, numa "non chalance" de quem nem está ali, como se dissesse, "monta cavaleiro, que a sela já está tão gasta que eu vou lampeira, com as bordas todas a arrastar pelo chão!...", alegria de qualquer sapateiro, e nicho de emprego para cosedores de meias solas.
Tudo isto seria maravilhoso, se não fosse real. Mas, se isto não é a Arte, então, onde é que está a Arte?... E precisávamos de um Viollet-le-Duc, de um Ruskin, de um Baudelaire, sei lá, mesmo de um Petronius Arbiter, porque aquilo é o Belo em si, é um Transcendental incarnado vulva, a Arte pela Arte, e ficamos ansiosamente à espera da segunda série, a dos cortes de autor, em que já não será a cara que se vê, mas a Fossa das Marianas, em todo o seu esplendor submarino e bivalve.


Como disse hoje a Marquesa de Pimpinela, "aquilo entra por um lado e sai pelo outro", e talvez seja um sinal dos tempos, quando tanto andamos a falar do buraco do BPN, no fundo, nós temos ali um buraco bem mais à mão, um Túnel da Mancha, cheio de infiltrações, e com quilómetros de engarrafamentos, para não dizer quilómetros de picha, que há carreiras que se fazem, não com trabalhos académicos, mas com toda uma academia do enterranço, que não é para qualquer um.


Fica, no espectador, a dúvida da mão genial que captou aqueles momentos. Se a História fosse justa, deveria ser o velho que lhe fez o Doutoramento na Costa Ocidental dos States, de onde ela enviava os plágios para as revistas "científicas", onde debitava disparates, pagos a preço de ouro, porque a "Visão" pensava que eram geniais alucinações do Terceiro Olho. Aparentemente, exceto num dos instantâneos, a Vice Reitora está a ser estimulada pela cratera da frente, e só numa fiquei na dúvida se tinha o extintor enterrado na Face Oculta -- a dos dentes arreganhados -- mas serão vocês que me irão ajudar a ver claro, que é para isso que serve o amor e fidelidade dos leitores. Pena é, dizia eu, que as fotos não fossem tiradas pelo velho que lhe deu o doutoramento, mas por um outro, também já desativado, e sente-se bem o vigor do dedo no gatilho, depois de horas "daquilo", em que o macho, incapaz de suportar mais o esforço do Buraco Negro, subitamente se lembra da porta do cavalo, e lhe diz, "ó, Clara, e se nós fizéssemos um intervalo, para descansar, tu continuavas a gemer, e eu ia ali buscar a Canon, para te fixar as pregas, as rugas de expressão e os papos de álcool para sempre..."
Lindíssimo, este discurso, com o quarto já a tresandar a foda, e a lubrificações, não de baba de caracol, mas cheias de C2H5OH, capazes de embriagar todos os vírus que pairassem naquela sopa pegajosa, que manchava os lençóis.
O grande lapso é a falta do sonoro, porque, como fundo da exposição, devia haver uma banda permanente, eventualmente a do ruído das manadas de hipopótamos, quando sorvem a água castanha do Alto Nilo, ou dos cães, esfomeados, quando lambem, língua e beiças, os pratos de coiratos. Alternativamente, o som dos sifões de sanita, depois de um breve estrangulamento de transbordo, também conhecido pelo acelerar do cagalhoto.
A verdade é que, depois deste dia, Leonardo, Boticelli, mesmo Modigliani, passaram, agora, a uns reles aprendizes de faciais, porque todo o envolvimento que está nestas imagens é o reflexo inteiro de uma vida devotada à devassidão, à venda do corpo, para chegar a qualquer lugar, e carreteira de todos os homens, como se de um "gouffre" académico se tratasse.
Neste país, há, no interior de cada Vice Reitora, uma Messalina, daquelas que dá Mestrados ao Armando Vara, Doutoramentos ao Vasco Franco e "Honoris Causa" a toda a casta de labregos do Regime, para quem a "Lusófona" se mantém, exclusivamente, aberta. Uma auditoria posta nisto -- e bastava aplicar o Sistema Americano -- de onde esta obscenidade humana e académica é proveniente, para a coisa acabar nos Tribunais, e a Universidade ser fechada compulsivamente.


Não queria finalizar o quadro, deixando vos desconsolados, e vamos, para lá da epiderme, ao "make-off" da coisa: no fundo, partimos do princípio de que apenas estavam dois protagonistas em cena, a montada e o montador, mas suspeito de que isso seja falso: também lá estava o velho, do doutoramento, a masturbar-se com a nojice, o gato, a roçar se lhe entre as pernas, enquanto ela berrava "rebenta me com isso tudo!...", como se ainda fosse possível esticar mais o elástico, depois de rompido, e a deixar-lhe pelo colado às babas de etanol, e o cão, com os olhos cheios de cataratas, sarnento, e de língua de fora, com a picha como os cães têm, quando estão com a tusa, uma coisa empinada, pequenina e muito vermelha, excitado só pela adrenalina e p'lo cheiro fedorento da cena, no fundo, um pequeno presépio, o Presépio da Coisa Portuguesa, no seu nível mais reles, indecente e de provocação da Dignidade das Instituições e da Cultura de uma Nação que precisa, com urgência, de ser violentamente reabilitada.


(Duo nauseado, no "Arrebenta-SOL" e em "The Braganza Mothers" )

3 commentaires:

Laura Bouche disse...

Badalhoca :-)

António Erre disse...

lindo! LOL

Semiramis disse...

Este texto é uma obra-prima, e merece estar no topo das pesquisas do Google, pelos orgasmos de Clara Pinto Correai :-)

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