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sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Grandes Èxitos do "Braganza Mothers" - "Os Corpos Dóceis de Benito Berlusconi"

Imagem do KAOS
A "Estação Burra" já não é o que era, e, às vezes, uma pequena notícia é capaz de nos tirar do torpor, e tirou-me.
Diz o "Diário de Notícias" que Berlusconi, um vadio ordinário, decidiu mandar substituir o quadro que estava na sua salinha de Conferências de Imprensa, onde se representava uma "Verdade", do séc. XVIII, com o peito à mostra, por uma réplica (!) com as maminhas tapadas...
Eu sei, e ele também sabe, e todos nós sabemos que é uma vera chatice, de cada vez que o rosto-mor da Mafia Italiana bota faladura, lhe aparecer, por detrás uma iconográfica Verdade, com as mamas de fora: é uma rábula imediata, ao nível da parábola do rei-vai-nu. Berlusconi sabe que está nu, tão nu que se lhe consegue ver a filigrana dos ossos e os arredores todos só com uma mirada.
Faz aquilo que Fátima nunca fez, e ninguém, desde os Anos Castanhos das décadas de 20 e 30 do século passado se atreveu, que é tornar-se num miraculado, reles até à quinta casa, e inimputável, já que, como naquela célebre frase do Senado Italiano (têm de procurar, porque eu estou de férias), mesmo que Benito, perdão, Berlusconi mate a própria mulher, nunca poderá ser acusado (!).
A isto chama-se "Civilização" e a Itália está a começar a deitar as cartas de um novo baralho, já há muito anunciado por Sarkozy, Sócrates, Durão, Bush e outros crápulas afins.
Como César, mas um césar de palheiro, "Silvio" Mussolini colocou o exército nas ruas para patrulhar o problema da Imigração (!), o que deixa supor que quem tenha cara de imigrante possa imediatamente ser sujeito a comodidades como aquelas que os Chineses ofereceram aos jornalistas ocidentais, os Judeus diariamente concedem aos Palestinianos, Mugabe pratica no seu coio discretamente sustentado pelo Bloco dos Exploradores de Riquezas Naturais, José Eduardo dos Santos faz às visitas non-gratas, Bush cultiva em Guantanamo, e Fidel, antes de estar em coma induzido, oferecia aos seus melhores amigos. Eu sei que falham nomes na lista: o Maior Português de Sempre mandava-os fritar para o Tarrafal, e agora emerge uma Cultura, que breve será cartilha nas escolas, de que se-não-tens-a-mesma-cor-do-que-eu-vou-te-já-denunciar-porque-podes-ser-um-imigrante-disfarçado. (Uma ideia para Lurdes Rodrigues, claro)
Em Socio-Política isto tem o mesmo nome do que na Culinária, e chama-se "Sopa-da-Pedra", anti-dietética e capaz de fazer estoirar qualquer estômago delicado.
Ora, eu sou um estômago delicado, e sei bem quantos açúcares pairam naqueles pratos da "Casa das Sopas", desde que me ofereceram um pacote da base com que "aquilo" é feito, e eu nem quis acreditar, ao ler a composição: era um misto da carga calórica de meio quilo de sorvete com os óleos, as gorduras e mais uma série daqueles célebres "E-mais-uns-números" que faziam as minhas colegas de Química deitar as mãos à cabeça.
Berlusconi é um sabujo, e a Itália está a caminho de se tornar num Estado-Pária: o primeiro ensaio foi Nápoles, cidade de luz maravilhosa, e tão desgraçada como as ruínas de Lisboa, que esteve meses sem recolha de lixo, e ninguém deu por isso. Suponho que em Portugal, onde as vizinhas fazem a triagem recicladora atirando tudo pela janela, como desde a Idade Média -- são sábias, desculpem-me lá: elas já sabem que quando o saco estoirar nas traseiras dos quintais, os vidros vão para um lado, o plástico voa para a esquerda, o papel gorduroso para a direita, e os resíduos orgânicos imediatamente serão devorados pelos "pitt-bulls" e os lulus-lambe-ratas das donas da rua do lado. A isto chama-se separar, para reciclar, sem grande investimento,
mas isto era apenas um comentário em "voz-off", porque o que me fez realmente saltar a tampa foi a censura da mama da outra, tão-só porque isso me faz lembrar eras sinistras, santas inquisições e fariseísmo, na sua quinta-essência.
Do ponto de vista social, quando os sistemas entram em agonia, refugiam-se no moralismo: o II Império, como uma "Olympia" em cada quarto, também punha as saias até aos pés, e impedia os dignitários de se coçarem (!) defronte do Príncipe de Marly, meio-irmão de Napoleão-o-Pequeno, enquanto, no outro lado do Canal da Mancha, a pseudo-viuvinha se escondia em Balmoral, entregue nos braços de um cocheiro, e depois descaiu nas lascívias de grupo dos bandos de indianos com quem andava amigada em "time-sharings" e "swings", ah, sim, enquanto cá fora, era oficialmente um luto que durou quarenta anos, e acabou nas bebedeiras-para-esquecer de Eduardo VII, em Paris, no Jack-o-Estripador (porque quanto mais carregares na tecla da repressão moral, mais a explosão dos arredores se dará...) e numa Guerra Mundial, sem precedentes.
Em moralidade, somos canónicos, e é um velho produto que poderemos sempre exportar: tradicional, genuíno e generalizado. No interior de cada um de nós, jaz, em crisálida, uma mãe-de-bragança, sempre dispota a vir para a rua, aos gritos, a apontar o dedo e a dizer: "foi-aquele!..."
Sendo objectivo, Benito Berlusconi fez muito bem me tapar a mama daquela pintura, por duas razões: a primeira, pelo que vi na foto, de raspão e mázinha, porque o quadro não presta; a segunda, porque o peito da mulher é para amamentar, não para estar a ser exibido, em directo, nas televisões mundiais, sempre que o mafioso regurgita faladura. A moda, obviamente, veio para ficar: está tudo em Foucault: "Il ya eu, au cours de l'âge classique, toute une découverte du corps comme objet et cible du Pouvoir", e entre a Opressão e a Libertação, jogaram-se todos os pequenos poderes. Em suma: em terminologia médica, um ciclo de Sístole/Diástole, no qual entrámos agora na época da contenção... para os outros. Um gajo, que enriqueceu a vender programas badalhocos de televisão, com gajas completamente descascadas, com cara de tipo ordinário e passe L123 de casas de alterna, uma espécie de Pinto da Costa, mas dotado de um lustre e de uma potencialidade que só séculos de Mafia, genuína, poderiam assegurar, e com o velho "pathos" italiano, e o "Glamour", sim, esse inegável, é verdade que Berlusconi, rasca, tem o verniz de uma Cultura que produziu séculos e séculos de extremo bom-gosto, aliás, a Itália, mesmo nas crises, sempre foi sumptuosa, e Berlusconi tem, ao contrário de Pinto da Costa, essa radiação inata do verniz do corpo negro: estamos no cenário de Milão, que dita a Moda do Supra-Sumo, e nós, aqui, na perpétua Cultura do Garrafão.
Por mim, já sabem que sou bastante radical: sempre que cheira a Moral, saco logo do revólver, por uma razão bastante simples, que, como Nietzsche já preconizara, me coube em sorte. É muito difícil viver acima da Moral, e o esforço que implica essa irreversível ascensão já o sofri penosamente, ao longo da minha existência de exilado interior. Implica um código próprio de valores, pessoal e intrasmissível, por vezes partilhado, mas só por osmose. Petrónio, "arbiter elegantiorum", sabia quanto isso custava, e tinha toda a razão. Afora isso... sim, sou. na vida real, um ferrenho ferreira-leitista: acho que o casamento é para procriar; que a maminha da Verdade italiana ou é para dar de mamar, e então têm de pintar ali uma boquinha sequiosa de anjinho rafaelita, ou TAPAM-NA JÁ, e a pilinha, objectivamente, é para urinar, sim, pois é.
Olha, a propósito... Berlusconi, olha lá para aqui... 'tás a ver?... Já a tirei para fora: abre lá a tua falsa boquinha... Upa!..., vê lá se não te mancha o fato Armani!...

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