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terça-feira, 23 de março de 2010

Grandes Êxitos do "Braganza Mothers I" - Correio da Lola - "Qual o problema de ser bicha ou fufa?..."



Querida Lola:
"Eu ainda não percebi qual é o problema de ser paneleiro ou fufa!!... Por que é que isto dá tanto que falar neste blog!... Ó meus amigos, cada um come onde quer e o que quer e as vezes que quer e à hora que quer !!!... Chiça !!... Salta-me a tampa. E se é político, rico ou pobre, artista, cantoneiro, vendedor de jornais, administrador de empresa ou esteticista, tanto faz. Temos de compreender que a sociedade portuguesa, por enquanto, ainda não convive bem com esta diferente forma de estar na vida. Quando se é figura pública, por exº, político, num país como o nosso, AINDA NÃO É POSSÍVEL ASSUMIR que se gosta de comer no cu, sem ter imediatamente o preço de se ser excluído da arena política. Veja-se os problemas que o Presidente de la Mairie de Paris teve por ser homossexual, e em Nova YorK, idem!... Mas afinal de que lado, aqui no Blog é que vocês estão?... São contra ou a favor dos Direitos Homossexuais?... Se Sócrates é ou não é "coiso", isso é para o lado que eu durmo melhor. Eu quero é que ele governe bem o País. Ele e os outros políticos. E podem levar na anilha, no anel, as vezes que quizerem. Que lhes faça muito bom proveito. Que país cheio de teias de aranha. Moral Podre! Eu gostava de saber quem é que aqui, no blog, se fosse político, tinha coragem de assumir publicamente que era panasca e de participar em manifestações desta natureza, sabendo quais as consequências que adviriam disso, no momento seguinte. Nem um! Garganta, mas FUNDA !!!!!! ..."


(Carta enviada pelo nosso leitor "gosto-de-levar-no-ânus", de Caixa de Comentários de Baixo)



Querido gosto-de-levar-no-ânus:

Adorei a sua carta, toda ela é um tratado do bem falar e do bem viver, mas faz-me tantas perguntas, que parece que me está a pedir um verdadeiro horóscopo do seu esfíncter anal, e eu não sou propriamente um Paulo Cardoso das nalgas, a modos que, derivado a isso, tenho de tentar responder-lhe por partes.
Olhe, meu amor, é assim, se percorrer a lista dos colaboradores do nosso espaço lúdico, vai-me encontrar a mim, um travesti não operado, e vai logo dar de conas com a Humilhada, que já se submeteu a várias cirurgias, com vista a corrigir os erros biológicos da sua sexualidade, só que caiu nas mãos de um charlatão, aquilo correu mal, neste momento, não sei como é que se pode definir o órgão que ela tem entre as pernas: está entre um meio colhão e uma beterraba inchada e com raízes. É uma infeliz, e já nada lhe dá prazer, senão satisfazer, todas as noites, e ajoelhada, um cabo-verdiano da Cova da Moura; o Fado Alexandrino é um mineteiro canónico; a Katia Rebarbado d'Abreu é uma puta jornalista latamente assumida; a Freira Antónia, por sua vez, é lésbica, republicana e comunista; o Kaos sofre de esquizofrenia sexual, de maneira que só Deus sabe que pantufas calça de manhã, e que sapatos descalça à noite; a Marquesa de Pimpinela tem mais quilómetros de picha do que pista a Base Aérea de Montijo; o Arrebenta, toda a gente sabe que durante os Governos Cherne e Santana trabalhava, de dia, como assessor de Sua Excelência o Ministro de Estado e da Defesa, "Miss Fardas", e, à noite, tinha um "part-time" no Alto do Parque Eduardo VII, onde, diga-se de passsagem, acabava por se cruzar com muitas das caras que via durante o dia...
Agora, diga-me, meu queridíssimo gosto-de-levar-no-ânus... conhece algum espaço da Blogosfera onde haja sexualidades tão assumidas e tão retorcidas como aqui?... Só se for escarafunchar nas bancadas da Assembleia da República, mas a essa todos temos, mesmo nós, de bater a pala, pela infindável imaginação nas combinações e inclinações sexuais.
Obviamente que sabemos que Portugal não está preparado para que haja pessoas a levar no cu: esse argumento tem uma actualidade que dura há mais de 800 anos, e é por isso que as pessoas que adoram levar no cu, ao longo da nossa história, se casaram sempre, e tiveram sempre três filhos, salvo, se não me engano, o caso da "Nosferata" Nobre Guedes, que teve quatro, e da Senhora de Mota Amaral, que resolveu consagrar-se como virgem consagrada... de mulheres.
Se me perguntar se acho que os homossexuais devem ter direitos, respondo-lhe já, e só por mim: acho que NÃO, mas eu sou uma traumatizada crónica, como ADORO homens e só me caíam na rifa bichas, rapidamente me tornei homófoba, e disse, "vais para traveca, filha, e aí vais ter os machos todos com que sempre sonhaste, a até a pagarem-te para te usarem como uma cadela..." Mais uma decepção, porque sempre que, no Conde Redondo, eles páram o carro defronte de mim, é logo para me perguntarem "quanto mede?..." Portanto, também me fartei de heterossexuais passivos, e neste preciso momento, para além de homófoba, sou heterófoba, e estou seriamente a pensar virar-me para a Zoofilia...
Agora, quando me diz que o Eng. Sócrates pode e deve levar na anilha, desde que governe bem Portugal, nós até vamos mais além, e até achamos que ele, e todos os outros, podem, e devem, levar na anilha, independentemente de governarem bem ou mal: como sabe, levar na anilha é um direito constitucional, e há várias encíclicas da Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana a apoiar abertamente a prática.
Deixe-me só que lhe diga uma coisa, que suponho que é o que chateia as pessoas do verdadeiro bestiário sexual que é o nosso blogue: contrariamente ao Maire de Paris, e ao de Berlim, e a mais uns quantos, e à Angela Merckl, que consta também ser fressureira, os políticos, em Portugal, têm sempre duas vidas privadas, uma, a real, que pretendem manter permanentemente escondida, e uma outra, falsificada, que fazem o possível por tornar, o mais possível, pública, badalada e amplificada. Ora, isso chateia-nos, como nos chateia ligar um telejornal e estar meia hora a apanhar com a Metafísica do Esférico, quando o país se encontra completamente titanicado.
O meu querido gosto-de-levar-no-ânus nunca se questionou por que é que na capa das revistas cor-de-rosa, importantíssimas para a formação do aparato crítico de uma população com um nível cultural e de análise baixíssimo, nunca vem uma única história verdadeira, mas sempre uma ficção, ou um desgosto amoroso inverosímil, entre personagens o mais possível desfasadas?... Acha natural que se cante diariamente o amor contra-a-natureza entre a Betty e o Zezé Castel-Branco?... Gosta da Bocarra com o Dinis ao colo, e a legenda por baixo, "ele trata-a mal"?... Acha natural que apareça a nova namorada do Pedro Granger, ou o casamento do Cláudio Ramos, ou o novo filho do Pedro Miguel Ramos e da Fernanda Serrano, quando basta ir um fim de semana ao Meco, para ver a cara, e os pelos no peito, das "namoradas" dessa gente toda?... Gosta de ver o Partido Democrata-Cristão pregar contra a vida privada heterodoxa das pessoas, e depois contratar "palettes", resmas, de "escort-boys" sempre que há um Congresso antecipado escaldante?... Não gostaria de ver como caixa da "Lux", ou da "Caras" aquilo que as minhas amigas repetidamente disseram, quando o vêem no El Corte Inglês, que o Eng. Sócrates anda sempre acompanhado com amigos muito atraentes?... Vê alguma coisa de mal na notícia?... Nós, não. Só começamos a ver, quando em vez dos tais mancebos atraentes, o Sócrates se começa a ver acompanhado, por toda a parte, de um penduricalho de uma tal de Câncio, a namorada secreta, e recomeça a circular a velha farsa dos 800 anos de mentira e hipocrisia. Só nos irritam as manchetes sobre a longínqua esposa austríaca do Figueiras, que parece que se passeava nas ruas enrolada num lenço, a reproduzir, da cintura para baixo, um homem nu. Só nos metem nojo os consecutivos divórcios de Nicolau Breyner.
Na realidade, este país inteiro só me faz lembrar um dos papéis mais gloriosos da Maria Rueff, o da "Mulher-Bichona", só comparável com as memoráveis imitações da Amália Rodrigues, pelo Joaquim Monchique (Monchica, para as "amigas"...), e tudo o que cá não é a Mulher Bichona, está resumido no par Nelo/Idália, multidão etno-sociológica, onde Sócrates e Cavaco foram buscar o melhor dos seus votos.
Fica aqui um pequeno conselho: essas revistas não são inocentes, todas as suas capas e notícias são pagas, e fazem parte de um continuado processo de intoxicação da Opinião Pública, que, de repente, cai nas teias dos anti-depressivos, quando violentos pontapés nos tomates, como o Processo Casa Pia, trazem, subitamente a público, a Realidade, a horrível realidade por detrás dessa permanente fantochada que são os rumores sentimentais de fachada de revista cor-de-rosa. Até lhe podemos acrescentar que somos libérrimos, quanto à vida sexual de cada um, excepto em casos muito específicos, como o de Carlos Cruz, Paulo Pedroso, Ferro Rodrigues, e outros nomes que estou inibida de colocar aqui, mas que deixo à vossa imaginação. E de cada vez que o Abel Dias, um dos grandes responsáveis pela retórica vigente desses relatos, connosco se cruza nas altas horas do engate do Parque, devia levar uma buzinadela, a lembrar-lhe para ter vergonha, e não tornar mais difícil a vida das pessoas que têm vidas afectivas e sexuais alternativas, e se vêem semanalmente humilhadas, e remetidas ao gueto, pela fraude dos poderosos, que gostam de levar no cu, mas também podem pagar as coloridas manchetes que, permanentemente, o desmentem. É isso, entre muitas outras coisas, que faz da nossa sociedade uma sociedade profundamente malsã e doente.
E, para finalizar, quando nos pergunta se fazemos garganta funda, eu, pelo menos faço, e quando chupo, chupo e engulo. Temos, todavia, tanto tempo dedicado à actividade sexual, que dificilmente nos passaria pela cabeça a reles tentação de enveredar pela Política. A nossa sexualidade é uma festa, e o meu sonho não é um gabinete para debitar leis que levam à sistemática decadência do nosso país, mas antes encontrar um vão de escada decente -- até isso o Santana nos tirou, ao emparedar as portas devolutas... -- encontrar um vão de escada decente, e acabar lá a noite, a noite inteira, com um ucraniano, um brasileiro, ou um cavalheiro sério, e casado, para o poder levar a todas as maiores glórias e variantes do orgasmo clandestino, seja homo, bi, hetero, o que calhar, filho, mas sempre sexual, sempre irreversivel e irremediavelmente, meu amor, sempre desbragadamente sexual.

2 commentaires:

Laura Bouche disse...

Continuamos, com este tipo de comentadores, no país das Mães de Bragança. Bigode em cima, e cinto de castidade em baixo

Semiramis disse...

Estes textos são sempre de uma maldade :-)

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