Neste blogue praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão próprios das Sociedades Avançadas
Querida Lola:
Sou sua leitora, naquelas noites em que não passo os dias inteiros ligada ao "Facebook", à espera do Pai Natal. Hoje, com o apagão, fiquei muito assustada, porque o Conde Redondo não é exatamente a Quinta Avenida, e, sei lá, podia aparecer morta, esfaqueada, ou estrangulada num canto, como aparece no "Rotten". Mas vamos direitas ao assunto: o apagão foi bom, ou mau, para o negócio?...
(Paula Montez, Oeiras)
Querida Paula:
Quer a verdade, ou uma mentira piedosa?... Bom, vamos à verdade, porque já vivemos governados por um mentiroso (im)piedoso... e a verdade é que, no meu ramo, tudo rola ao contrário da Irmã Lúcia: ela viu o solzinho a dançar, e achou que era um milagre; para mim, encontrar um candeeiro velho, ou fundido, ou um recanto mal iluminado, onde possa desapertar, à vontade, o cinto do cliente, abrir a braguilha e pôr-me de gatas é que é o milagre... Já aconteceu, mas é raro, por que a Câmara de Lisboa tem sido impiedosa, com este Santuário Natural. Primeiro, veio o Santana, que mandou emparedar as portas de todos os prédios devolutos, onde cada vão de escada era uma capela das aparições, e depois veio o Monhé, que deve ter um Vasco Franco qualquer, lá no negócio dos candeeiros, e que duplicou a iluminação pública. Hoje, por acaso, eram 20.30 h., estava a passar um homem das claques do No Name Boys, e eu pensei, "tenho cliente", de repente, apagou-se tudo, e lá fomos para o célebre nº 65, onde eu tenho o meu Petit Trianon, o patamar dos "avianços", mas já estava eu a ajoelhar, começa ele a perguntar-me "se era grande...", e eu, com aquela angústia do "lá vem mais um heterossexual passivo...", tudo às escuras, abrem a porta do lado direito, onde mora a Dª. Estela, que é meio cega, mas estava em pânico por ter ficado em casa às escuras, eu vejo a mulher de vela na mão, é assim que elas pegam fogo aos lares, e começo logo, o que é que nós fazemos, porque estas velhas gritam primeiro e só depois é que se assustam, o homem de gatas, o cão sai pela porta, e ela "Leão, Leão, onde é que tu estás?...", o outro era do Benfica, começa a rosnar nomes à velha, "Leão era a puta que te pariu!...", e eu a tapar-lhe a boca, a velha tateava, e ele, de gatas, peludo, ela passava-lhe a mão pelas nalgas, sentia o pelo, e ainda dizia mais, "Leão, anda à dona!...", e ele fugia para o outro lado, com a velha posta defronte das escadas, não dava para descer para baixo, só para subir para cima, para cima ainda é pior, porque há um bordel de brasileiras lésbicas, entretanto, com isto passa uma hora, acendem-se as luzes dentro de casa, e a outra entra, a tatear, mais consolada, e nós descemos aquela santa escada, muito devagarinho, ele ainda a apertar o cinto, e eu cheia de suores frios. Foi horrível, querida, não ganhei para o susto, a minha sorte é que, com as minhas mãozinhas de PEC, enquanto ele estava a gatinhar, eu aproveitei para... lhe deitar a mão à carteira, e lá fiz 20 €, sem ter de o comer... Sortes, querida, pequenos euromilhões... :-)
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