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domingo, 28 de março de 2010

Grandes Êxitos do "Braganza Mothers I" - "La Comoedia del'Arte"


Hoje é o Dia Mundial do Teatro, ou da Teatrada, como quiserem. No Chiado, estavam uns gajos, com ar de pedintes, a espalhar flores pelo chão, e as bichas, bué enjoadas, a passarem de lado, não fosse aquilo pegar-se.

Há um amigo meu que diz que o Teatro, em Portugal, oscila entre dois carcinomas: o Luís Miguel Cintra a debitar, pausadamente, o texto das Exéquias da Infanta Dona Dioga, e uma gaja, da Esquerda Baixa, a fazer de Catarada Eu-Fêmea, avante camarada, toda espojada no chão aos gritos, do valha-me deus, não me mates que sou tua mãe, mas versão da Quinta da Atalaia!...

500 anos de falta de prática, entre a "Ceia dos Cardeais" e o "Auto do Menino Jesus" só produzimos Autos-da-Fé, como já dizia Voltaire. Não disse, mas digo eu por ele.

Pronto, está celebrado.

Em Manaus, um gajo fez uma vez uma ópera onde nem as piranhas se atreviam a sentar. Aqui temos plateias inteiras de piranhas, olhando, quais bois para palácios, para intermináveis nojices de entre palco e cena. E adoramos.

Hoje, estive cheio de tesão, a tarde toda, a pensar numa pequena peça portuguesa, num lugarejo, tipo vilar-de-maçada-ponto-com, pai, já sou primeiro-ministro, e ela, a mãe, como conseguiste, filho? foi na independente? mas isso não fechou?... Mãezinha, alguma vez ia fechar uma universidade onde se compra o posto de primeiro-ministro?...; filho, tudo é possível, agora já percebo porque tratam com tantas honras o Professor Cavaco: esse foi mesmo lá fora, tudo o resto foram licenciaturas compradas na Boca do Lixo.

A Boca do Lixo... A Boca do Lixo é uma coisa assim, grande, cheia de pântanos, tipo a Ota, com milhões de sacos de plástico a levantar voo, mãos nordestinas, mulheres vindas de Goianinha, a Berverly Hills do Rio Grande do Norte, habituadas a uma côdea de pão por dia, mas travestidas de viuvinha negra, tipo "Mamonas Assassinas", o único grupo que compreendeu realmente a essência portuguesa -- tiveram azar, morreram -- e isso lamento mesmo... -- morreram antes de eu lhes ter dado a conhecer a Grandiosa Natália de Andrade.

Um grupo português, a sério, era cantar a Natália de Andrade com sotaque brasileiro, tipo aquela coisa da Carmen Miranda, "Sua mãai chêgou!...", mas a Boca do Lixo, enorme, uma espécie de boca da servidão, uma boca do corpo, mas topográfica, gajas só com pele e osso, com crianças ciganas ao colo, a recitarem Alberto Caeiro, bué da ranhosos, mas todas convencidos de que eram pequeninos meninos jesuzes, benzó-deus, montes de coisas tóxicas, carne podre, resíduos irrecicláveis, raspas de plutónio, gajas com um só molar a mamarem tifosos de noventa anos, a "nosferata" nobre guedes, aos bocados, em versão de guisado, mas toda entornada numa poça, com leitõezinhos à volta, a lamberem tudo, a odete santos a cair-lhe o dentinho durante a votação do salazar, mas tipo condenação do inferno, em sísifo, sempre a colar e a cair, como se tivesse snifado benzina, adorava ver a odete santos sentada, de perna aberta, a snifar benzina e a fazer de pobre... -- eu gosto de fazer de pobre!... -- com ar de rendimento mínimo, a tirar macacos do nariz da maria cavaco silva e a comerem as duas, e o cheiro, filho, o cheiro, o cheiro da Boca do Lixo não tem possibilidade de descrição, quilómetros daquilo, um Sahara de latas de conserva vazias, latas de coca-cola enferrujadas, preservativos, pensos higiénicos, tampões, restos de abortos, espinhas, Hadrões, Bozões espalhados pelo chão, ratazanas dançarinas e fedorentas, gigantes, do tamanho da fernanda câncio, com mutações ao nível da cona, tipo caracóis viscosos para sempre, e, ao virar do bidon da esquina, quando a pessoa pensava já ter-se visto livre do Inferno, suddenly, last summer, escondidos numa ruela de pneu, com a pata ajoelhadas nas jantes, a maria de belém roseira a mamar no marques mendes e vice-versa, uma coisa que nem a sade nem a dante lembrou, ou lembraria.

O "Braganza Mothers" tem essa sorte: quando eu vou buscar a Lola à vida, está o Papoy a começar a rodar as suas curtas-metragens de buraco de fechadura. Somos um blogue onde o "sol" nunca se põe, salvo seja, e, para acabar, teatro, do bom, era ter agora uma gaja com uma colocação de voz decente, e um mínimo de escola, a declamar, entre pausas, respeitando a agógica toda, e violando a métrica, consoante a emoção do sentido, no Teatro Dona Maria, a recitar isto que eu escrevi, lá de bem alto, segura e sólida, a dizer que o Teatro tinha finalmente renascido em Portugal.

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