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sábado, 16 de janeiro de 2010

Manuel Alegre: Entre a Paródia e a Morte Lenta da República



Imagem do KAOS

Pronto, aconteceu, mais cedo do que eu queria, e, portanto, vai-me obrigar a escrever, ainda mais cedo do que o desejado, e totalmente contra vontade: Manuel Alegre, a derradeira caricatura do final da III República, cedeu aos impulsos da vaidade, e anunciou hoje uma suposta candidatura ao lugar de mais alto magistrado da Nação.

Vamos começar pelo início: não faço a mínima ideia de quem seja Manuel Alegre, não lhe sou devedor de coisa alguma, e o seu papel na sociedade contemporânea é, do meu ponto de vista, completamente nulo. Contas feitas, tem assim o perfil ideal para não se candidatar à Presidência da República.

Enquanto espectador, e sideralmente farto destes jogos e filmes, nutro por Manuel Alegre um desprezo que roça a sua pior forma, que é o tédio. É uma figura que só me entedia, e me obriga, com displiscência, a mudar imediatamente de canal, mal a sua figura surge. E não é de agora, é de sempre.

Em 2005, quando se começou a perceber que a III República estava em agonia, com o avanço para primeiro plano de figuras que historicamente estavam exaustas, e já deviam fazer parte do nosso histórico do Rotativismo Português, foi com choque que vi desenterrar Aníbal, o carrasco de 10 anos cruciais do desenvolvimento económico, sociológico e cultural de Portugal. Num gesto quixotesco, o velho leão que o toureara durante dez anos, Soares Pai, avançou, e esse foi o segundo erro, porque se estava a gerar ali um efeito dominó, completamente desvirtuado e asfixiador do próprio ato da Eleição Presidencial.
O terceiro erro, o fatal, foi surgir das sombras um presumível "candidato independente", que, de independente nada tinha: Manuel Alegre, quer pela fisionomia, quer pelo seu percurso, é uma espécie de sarro de tudo o que de pior se orquestrou, entre I e III Repúblicas. O Autoritarismo, chefiado, primeiro, por Salazar, e levado à campa por Caetano, colocou a figura no seu lugar próprio, empandeirando-a de lugar em lugar, até acabar entre os Berberes, a falar sozinho para os microfones, um filme pago pelos Franceses, como é usual, assim evitando que a paródia europeia fosse incarnada pela França, e devolvendo o subproduto para os irmãozinhos mais pobres, da magrinha Lusitânia. Chamaram-lhe "Rádio Argel", e, como não sou seu contemporâneo, suponho que não tenha passado de uma espécie de Clara Ferreira Alves do Magreb.

Estou em 2010, não me apetece continuar a deglutir papas rançosas dos anos 30 do século e milénio passados. Para a minha geração, Manuel Alegre é uma côdea bolorenta que, se houvesse higiene em Portugal, já há muito tempo deveria ter sido dada aos pombos, com a reserva de que talvez nem eles lhe tivessem tocado.
Em 2010, para azar do cavalheiro, e de todos nós, passa a altamente sensível data do Abate da Monarquia, ditada por modismos e pela falta de respeito de uma ralé, organizada em sociedades secretas, que muito bem conhecemos hoje, por querer continuar a ditar Vice-Presidências de Bancos Centrais Europeus, lugares na Unesco e Presidências da Assembleia da República, entre outros medíocres luxos. Para a Maçonaria, anquilosada, degenerada e direta responsável pelo presente estado de decadência da Res Pública Portuguesa, é um momento crucial, como vai passar a ser para todos nós, que estamos de fora do esquema, mas estamos, quais colaboracionistas, a ser chamados a partilhá-lo e mantê-lo.

A República, em Portugal, tornou-se numa paródia, como veio demonstrar a possibilidade de eleição de figuras envergonhadoras do Estado, como Cavaco Silva, Jorge Sampaio, e, agora, este presumível pateta Alegre.
Indo direto ao assunto, a Chefia do Estado tem de ser severamente despolitizada, e não pode ser encarada, por seitas de palermas, como o atrás referido, como uma espécie de prateleira de consolação, ou um topo de carreira de vidas dadas ao clubismo. Para todos os efeitos, o homem, ou mulher, que, por mérito e impulso popular, ocupe tal cargo, tem de ter a aura e o carisma da isenção capazes de poder representar a inquieta e diversa massa de um povo atlântico, e não podemos, de braços cruzados, encarar a Chefia do Estado como mais uma daquelas poltronas da Dança da Cadeiras, que diariamente nos faz sorrir e satirizar, lançando palavras de escárnio ao ver os medíocres ocuparem, cargo após cargo, todos os lugares de destaque, da Economia, da Finança e da Cultura.
Há um mínimo para a decência, e o seu último representante foi Cavaco, já com a proa muito abaixo do nível de água, e, para as mentes esclarecidas, nas quais, sem qualquer modéstia, me incluo, chegou a hora de dizer "basta", tão-só porque a ratoeira já estava preparada, como o provou a eleição de Jorge Sampaio, outro medíocre, que conjugou todas as sinergias de uma população para quem, em 1995, Aníbal Cavaco Silva se tinha tornado insuportável. A verdade é que ao elegê-lo, o cavalheiro não entendeu que estava a ser eleito, não por mérito próprio, mas porque era o único que estava a jeito para vencer o terror de ter Cavaco na Presidência, depois de 10 anos de desastre nacional.

Em 2010, o desastre nacional é incomensuravelmente pior, e compete ao cidadão uma dupla tarefa: a de libertar o anquilosamento da coisa pública das mãos destas gerações, desatualizadas, desinteressantes e retrógradas. Entre Cavaco e Alegre não vejo diferença alguma, exceto um pensar que ainda está no "Antigamente", e o outro pensar que não tem nada a ver com a face do presente "Antigamente".
Estes cavalheiros, com habilidade, conseguiram transformar, num deserto, as gerações abaixo, e é com angústia que percorremos, nomes atrás de nomes, a tentar encontrar uma alternativa para este naipe de nomes bolorentos. A gravidade maior, contudo, nem é aí que se encontra, porque o jogo foi realmente bem feito: quiseram torná-los invisíveis, e tornaram-nos, mas, como em "Matrix" isso é uma pura ilusão da máquina.

Não me quero alongar mais neste texto. Hoje, Alegre, excedeu-se e avançou. Não tem vergonha nenhuma na cara. Como fiz frente a Cavaco, vou-lhe fazer gloriosamente frente, mostrando-lhe, ponto após ponto, que a Presidência da República não é um prémio de consolação para sonolentas vaidades, vividas à sombra de clubismos e sociedades secretas. Não há alternativas?... Paciência, DESENRASQUEM-NAS. Um ano falta ainda, e a Sociedade Portuguesa precisa de um severo pontapé, para acordar deste entorpecimento que nos conduziu a uma "morte lenta". Dois dos nomes de frontaria dessa morte são Aníbal e Alegre.

Como prometido, com este catarro do Fadista de Argel, iremos, assim, abrir um Blogue Presidencial, CONTRA as candidaturas de Aníbal e Alegre, e em favor de uma renovação do que resta da Democracia e da "República". Vai ser uma tarefa árdua, e fica lançado aqui o convite, aos nossos leitores e colaboradores de sempre, para que participem na construção do novo espaço. A sua filosofia é elementar: tornar num inferno as candidaturas de Alegre e Aníbal, e forçar a Sociedade Portuguesa a reagir, mostrando que nós, Povo, Estado, Nação, por mais que no-lo queiram fazer crer, não estamos, nem queremos, estar mortos.

(Pontapé de arranque, no "Arrebenta-SOL" e em "The Braganza Mothers")

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