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Há um princípio das Sondagens que faz com que elas venham sempre, com um ar de superioridade, afirmar uma besteira qualquer, ou seja, o Futuro anunciado (delas), mas... e atentem bem no "mas", porque é nele que está a chave, "mas" com uma margem de erro de... e lá soltam um número esquisito qualquer, que ninguém entende, e que era um bocadinho difícil de explicar aqui, a este país profundamente ignaro em matemáticas.
Eu hoje estou com as luas, e de tal modo que me vou dar ao luxo de fazer uma previsão, com 100% de hipóteses de acertar e margem de erro ZERO, e ela aí vai: de aqui a 80 dias, o país vai mergulhar num ciclo ferreiraleitista, COM, ou SEM, Ferreira Leite. Eu sei que é extraordinário, e só o Princípe de Broglie entenderia o alcance quântico de tal paradoxo, mas a sua sapiência é elementar: Manuela Ferreira Leite tem uma virtude, para mim, gastador inveterado, que é a de saber poupar. Essa arte de saber poupar é nobre e antiga: na política de lineu, geralmente manifesta-se em poupar nas coisas dos outros, não nas próprias, e a Manela é a maior artista que eu conheço dessa arte. Acontece que nos respeitamos mutuamente, mas estamos totalmente nos antípodas, porque tudo aquilo onde ela gostaria de poupar é justamente onde eu ADORO gastar inveteradamente, pelo que vai ser ela a puxar para um lado, e eu a puxar para o outro, e, como se sabe, eu sou infinitamente mais teimoso, e posso cair de costas, mas será sempre no MEU terreno.
Sócrates, no presente instante, é um cadáver ambulante, como naquele cartaz sinistro, onde se vêem umas gajas aluadas, e ele, no meio, com ar de semente de pevide, totalmente desnorteado. Eu próprio, teclador das coisas estéticas, fui apanhado na ratoeira, e parecia o velho Malraux, a olhar para "Las Niñas", de Vélasquez da Silva, e a perguntar "onde é que está o quadro?..."
Realmente, olhei para aquilo, e era uma espécie de "Déjeuner sur l'Herbe", com a malta toda vestida, e só a outra, aérea, com o ar da maluquinha de arroios, enquanto, subtilmente, se observarem bem o cartaz, no meio daquelas figurantes, que devem ter recebido 2 € para fazerem aquele papel de estúpidas, de repente se vê que, de costas, vem um macho. Como poderão imaginar, nesta pequena espécie de código da vinci, o macho é a chave do quadro, um pouco a dizer-lhe, "gostas tanto de "gaijas" que estás como o Hermann, rodeado de "palletes" delas, mas, se a coisa der para o feio, eu venho salvar-te e levar-te para o colchão do nosso homoerotismo, para que me possas "sentir" todo..." Uma legislatura inteira.
Nunca saberemos se era, como de costume, venezuelano, mas isso são trocos, porque isto é uma fábula, e o importante é que não se quebre a deriva da narrativa.
Portanto, durante 80 dias, veremos a mulher, que gosta de poupar nas coisas dos outros, a fazer velados elogios a pequenas franjas da atuação de Sócrates. Até aí, tudo bem, é um piscar de olho a um certo eleitorado que se desloca alguns centímetros, de quatro em quatro anos, entre um poucochinho mais à esquerda e um poucochinho mais à direita. Claro que as coisas elogiadas serão as piores possíveis, as merdas dos sistemas de avaliação, os diplomas passados à pressão, os cortes nas reformas... dos outros, a destruição do Estado em favor de alguns interesses privados, que, quando a coisa entorta, se refugiam nos bolsos do contribuinte, e voltam a ser Estado, mas no estado do recibo verde. Isto é ferreiraleitismo, e vai discutir-se, às décimas, quem o aplicará: se ela, a ideóloga do pequeno casebre charles dickens, ou, se ele, a bicha parasitária e falsa do Héron-Castilho, mais jeová, menos jeová, se pensarem bem, vai dar ao mesmo.
Pelo lado dele, aproveitará a veia da Austeridade e do "falar verdade" -- esta gente só fala verdade quando é para nos dizer que roubaram tudo e os cofres estão vazios, nunca nos falaram verdade para dizer "olhem, chegaram tantos biliões da Europa, e roubámos aqui, e ali e mais acoli, portanto, de aqui a 6 anos, vocês vão ter todos as reformas diminuídas, os impostos aumentados e a qualidade de vida cada vez mais próxima do Subsahara..."
Não, este "falar verdade" nunca vocês ouviram, embora faça parte da Síndroma de 1985, em que essa Gripe dos Porcos começou a infetar Portugal, na pessoa do responsável mor pelo estado de desastre da Nação, em 2009, ANÍBAL CAVACO SILVA.
Dizia eu que que Sócrates aproveitará este austero clima do "falar verdade" para poder começar a poupar... nas coisas dos outros. Mais uma vez, estaremos longe da Europa do TGV, que nunca foi, antes de o ser, e que, hoje, de facto, seria um puro comboio fantasma, a circular entre uma Madrid de negócios, onde os tecnocratas não estão para gramar umas quantas horas, quando podem fazer um mesmo voo de 60 minutos, e os pés descalços de cá não terem sequer dinheiro para embarcar a mochila e a água de luso, para ir mendigar nas Puertas del Sol. O TGV ia acabar com a "Pegajosa" -- a candidata da Câmara de Oeiras -- a dar entrevistas todos os dias, com aquela boquinha de cu de botox, para falar das maravilhas de um útero europeu embalado a 350 km/h, e pouco mais.
"Quase não se sente nada...", diria ela, mas a Messalina também costumava enviar sms do mesmo teor, enquanto punha os cornos ao Cláudius...
Ao longo de 80 dias, Sócrates irá integrando o pior do discurso de Ferreira Leite, do subir as bainhas, do porquinho mealheiro, do poupar na vida dos outros, e ela, para perder um pouco aquele seu ar de mofo, lá convirá que o José "Magalhães" até nem era tão mau assim, e que até se pode lançar o "Câncio", versão 2.0, em homenagem à Choca do Regime, que passou quatro longos anos sem ver o padeiro. Também merece. Gostará das políticas de Educação, e de cortar nas reformas dos velhos, e talvez mantenha Valter Lemos, desta vez, sob a tutela de David Justino, a nódoa que se segue na 5 de Outubro. Para o Superior, até poderíamos pôr o Pavarotti, aquele monstro grotesco, que inventou o satélite português, que levantava voo, com impulso de molas, e Aguiar Branco, o Homem de Bilderberg, terá a Economia. O Cartão do Cidadão passará a integrar o Blogue, o IP, e se o cidadão alguma vez chamou "filho da puta" a algum MInistro, com sistema de penalização por pontos...
Diremos que Bilderberg foi austero, ao reservar-nos este destino, mas que poderíamos nós querer de melhor, depois de 500 de mendicidade e leituras de fransciscos josé viegas e sousas tavares?..., pelo que até devemos agradecer à mão generosa que nos vai atirar para um novo sótão da História, os célebres "períodos chãos" da Cultura Portuguesa, em que criamos fachadas em forma de caixões chernobilianos de betão, e enfiamos lá dentro, depois, uns frisos de azulejaria azul e branca, a contar o triste fado de quem nunca conseguiu sair da cepa torta.
Concluo como comecei: com 100% de hipóteses, e margem 0% de erro, o Ferreiraleitismo, COM, ou SEM, Ferreira Leite, aguarda-nos, com a sua mão mirrada, já no final deste ano.
Aproveitem muito bem este último Verão, que acho que depois até o Sol vão pôr a recibo verde...
(Duo do faz de conta no "Arrebenta-Sol" e em "The Braganza Mothers")
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