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domingo, 11 de janeiro de 2009

O Freeport da Licenciada de Mau-Porte

Neste blogue praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão próprios das Sociedades Avançadas


Imagem do KAOS


2009 anunciava-se uma horrível deceção, mas tudo indica vir a tornar-se, afinal, num ano de inesperada adrenalina e ação. Eu explico: estive esta noite quase duas horas ao telemóvel com a Srª. Dª. Adelaide (ex-)Pinto de Sousa, a tentar perceber de que modo é que o filho se ia safar do Caso "Freeport", como se tinha safado do Caso "Independente". Estar ao telefone com uma Testemunha de Jehova é sempre monótono e moroso: primeiro, temos de lhe assegurar que vamos mesmo comprar o próximo número do "Alvorada", depois, e isso angustia-me muitíssimo, de cada vez que ela me dizia que o Fim do Mundo estava próximo, eu só podia repetir, "pois, eu sei, até acho que tem toda a razão...", embora isso me pareça mais do âmbito da derrapagem económica, financeira e social do que do religioso, mas o importante era mesmo sacar informação. Para ela, o Fim do Mundo era mesmo uma questão familiar, ou seja, que estava nas mãos da família: ninguém, melhor do que ela, conhece o filho, desde o célebre episódio em que a Fava o apanhou na cama com o primeiro homem -- o primeiro dela, não dele, que já ia a meio da lista telefónica -- e lhe disse que lhe era insuportável estar casada com um paneleiro, e se ia imediatamente suicidar, por enforcamento em corrente de autoclismo antiga, daquelas dos sanitários da Casa do Alentejo. Graças a Deus que não se matou, e os filhos agora andam felizes, entre as mãos do pai e dos padrastos, com a Câncio a servir de ama-seca.


Para uma Testemunha de Jeová, tudo é simples, já que, como o Fim do Mundo está sempre à porta, basta a pregação da Palavra, para que haja logo um simplex dos acontecimentos, mas a verdade é que a coisa não é bem assim, da outra vez, tive de fazer imensos telefonemas para as redações dos jornais e da televisão, a dizer que o Caso da Licenciatura, era um não-caso, sim, porque eu sei muito bem imitar a voz de Sócrates ao telefone, aliás, eu sei imitar muitas coisas, desde o célebre telefonema de Alijó, que correu com o Correia de Campos, até insultar, aos gritos, o José Manuel Fernandes, do "Público", que até hoje está convencido de que foi o "Prime" que lhe ligou, mas, olhe, Zé Manel, não foi ele, fui mesmo eu!.... Paleio tenho eu, qb, e, quanto à voz, foi só beber uma garrafa de Licor Beirão, e pôr-me a tentar cantar a "Casta Diva", para ficar com aquela espécie de sereia entalada na garganta, e depois, em vez de dizer Concelho, pronunciar "Côncêlhu", e dizer, como ele disse, naquela ridícula entrevista, que não "raciciònàva" assim, só lhe faltava o "pàrâcu", como diz o Paulo Querido, e começar, em sobreagudos, a falar e a ameaçar, com voz de porcelana das Caldas, com pretensão de Sèvres, mas isto são águas passadas, na verdade, na verdade, eu devia era ter logo telefonado ao Paulo Cardoso, para lhe pedir que me traçasse uma carta astrológica do Vigarista de Vilar de Maçada, porque foi uma pessoa que realmente não teve sorte na vida: nasceu torto com o Caso do Diploma, e arrisca-se a levar um pontapé torcido, com a história do "Freeport" e da "Sovenco".

Dizia-me a velha: "você pode disfarçar a voz, e começar a ameaçar a Polícia e os Jornais Britânicos!...", como se isso em Inglaterra fosse possível, mal eu fizesse isso, a coisa estoirava ainda mais, e mais rapidamente disparava para as primeiras páginas dos tablóides: "Primeiro-Ministro Português a braços com Justiça Britânica".

Se pensarmos bem, a coisa não está mal vista: já tentámos todos os recursos de erradicação, o teclado da Ética, o escarrapachamento, bem defronte do nariz, da violação mais reles de toda a deontologia que deveria reger os cargos públicos, mas ele continua, aguenta-se, mente, já fala com Deus, e o pessoal até gosta, não nos esqueçamos de que o nosso povo é masoquista e adorou levar meio século, nos cornos, com a mente medieval do Maior Português de Sempre, com a "reprise" Cavaco, isso tudo somado, se enfiarmos lá dentro os períodos de turbulência não-democrática, o Sidonismo, o PREC, o escândalo da Iª. República, mais as ditaduras de João Franco e Afonso Costa, isso, tudo somado com o atual Lurdismo faz quase um século de Totalitarismo, com breves sobressaltos de modernidade democrática. Temos o que merecemos, para a falta de qualidade do que somos, e isto ainda vai piorar.

Era evidente que havia muitos dinheiros em jogo. Basta ver a raiva -- justa -- da Felgueiras, quando, de repente, um traidor, resolveu denunciar nela um consuetodinarismo da pragmática de gestão corrente das Câmaras Socialistas: sócia da "Sovenco", sempre que vinha dinheiro não declarável, quer fosse da concessão do monopólio das estações de resíduos sólidos ao consórcio francês, quer fosse o tirar do tapete da Ota, aos desgraçados nacionais, que se estavam a aliar com uns fraquinhos espanhóis, para entregar Alcochete aos super-construtores alemães de aeroportos, ou o senhor ministro do ambiente, ou secretário de estado do mesmo, receber, naqueles interregnos da terra-de-ninguém do entre-eleições, dinheiros grados, por deixar construir em terreno de paisagem protegida, sempre que esse dinheiro vinha, imediatamente deslizava pelos "sacos-azuis", para que depois chegasse aos justos bolsos. Até corria aí a fábula -- o gajo tem, realmente, uma fabulosa máquina de intoxicação da Realidade -- de que os bens de família lhe vinham da venda que o avoengo fazia, aos Nazis, de volfrâmio, mas só é verdade, na história a parte dos Nazis, como bem se vê na prática diária deste bando de facínoras que presentemente está a conduzir (conduziu) Portugal ao fundo.

"Você acha mesmo que não podemos mandar encerrar a Justiça Britânica, como se fez com a "Independente?...", perguntava ela, pela centésima vez. Como toda a gente sabe, é tecnicamente impossível convencer uma Testemunha de Jehova, de maneira que explorámos todas as voltas a dar à coisa. Num dado momento fiquei desconfiado de que ele também estava a ouvir a conversa, e de que a cota tinha posto o Samsung em alta-voz, e, aí, eu protegi-me, "olhe eu vou tentar queimar a Elisa Ferreira, em vez dele, mas tem de me dar tempo, está bem?..."

Nessa altura, eu queria era livrar-me da velha, para vir escrever este texto, e foi ela que me deu o pretexto, quando pôs, lá ao fundo, a tocar um tango fora de moda, e voltou, com uma voz melosa, para me dizer "... olhe, querido , no fundo... acho que toda esta conversa foi... porque você a tentar meter... quer dizer... eu acho que você está querendo meu corpo... Estou enganada?..."

Há limites. Desliguei o telefone, e disse-lhe, "olhe, falamos disso depois, porque acho que acabou de começar a III Guerra do Golfo!...", e fui-me embora.

Tenho pena daquela família: uns filhos a morrerem, os outros a darem em heterossexuais passivos, o abutre da Câncio, a tentar sugar tudo o que pode, o Arquiteto Pinto de Sousa na mesma linha de assinar mamarrachos como os do filho, mas o pior vem aí: um protagonista de um enorme vexame internacional, que nos vai cair em cima, com dois carimbos, um país de Justiça incapaz, e uma Democracia mal-parida e completamente corrupta. Cauda da Europa.
( Duo de flautas, no "Arrebenta-Sol" e em "The Braganza Mothers" )

1 commentaires:

Joana Morais disse...

Obrigada pelos links Braganzanos, até breve e bom ano!

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