Glórias do "Braganza Mothers": O Evangelho segundo Maria de Boliqueime

"[...] E ao passar pelas ruas de Belém, Maria, dita a de Boliqueime, acompanhada por seus netos, viu-se um homem que rastejava junto das rochas. E perguntaram-lhe se sabia quem era aquele homem (11). E Maria disse: "Eu sei, mas não sei se vós sabeis que eu sei". E os fariseus olharam uns para os outros, até que um lhe perguntasse: "Então, se o sabes, diz-nos a nós, porque não conseguimos alcançar tão longe como tu". (12) E Maria disse: "Esse é o filho de Leonor, e rasteja consumido pelos ópios, e aquele que nunca snifou uma linha que lhe atire a primeira "pedra". Em boa verdade vos digo que antes que o dia se extinga, sua mãe subirá às presidências de uma Fundação. E todos ficaram espantados com tamanho conhecimento.
(XX) (1) Perguntou-lhe, então, Michel, que era cozinheiro em Samaria, "se sabia com que mão deveria segurar os talheres, se com a direita, para comer, se com a esquerda para cortar", e Maria respondeu-lhe "que pouco lhe interessava com que talheres deveria comer, posto que já tinha assegurados cinco invernos de alimentação certa em Belém". (2) Então, os netos, dizendo-lhe que também sofriam ali de fome, mandou Maria que parassem no primeiro lugar onde se pudessem satifazer. E disse Simeão, que era gasolineiro nas Tribos de Judá, "Maria, ao veres assim teus netos com fome, que lhes darás que o comum dos mortais não desse?" (3) E Maria respondeu: "Comerão quando for o tempo de comer, porque hoje vos digo que a cada um será dado meio queque, e nesse alimento estará um dos mistérios mais profundos que eu vos lego". (4) E ao passarem pelo Templo, o vento agitava as grandes cortinas púrpura que ali estavam, desde o tempo de Salomão. E chegou-se a ela Valentim, que era goleeiro em Getsemané, e disse-lhe: "Tu, Maria, que tens o conhecimento de todas as coisas do Templo, sabes quantas semanas demoraram estas cortinas a ser talhadas?" (5) E Maria respondeu-lhe: "Antes de que fizesses essa pergunta, deverias ter acreditado em mim. Irás agora até às portas da cidade, e chorarás, até à terceira hora, a pensar em Maria, e na pouca fé que nela demonstraste, porque, em boa verdade te digo que eu sei tudo sobre essas cortinas, porque fui eu que as fiz, com as minhas próprias mãos."

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