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quarta-feira, 14 de abril de 2010

Grandes Êxitos do "The Braganza Mothers I" - "I Have a Dream"



Hoje, sonhei com que tinha acabado a praga do Aborto. Não era verdade: a partir das 8 da noite, a rede móvel tornou-se insuportável, os tansos trocavam de parabéns, as activistas do "soutien" queimado sentiam os seus ventres de 60 anos livres de parirem agora o que quisessem, Maria Velho da Costa entregou-se nos braços de Manoel de Oliveira, e disse-lhe, tão-só, "faz-me um filho!...", mas isso eram as comemorações do Beco das Sardinheiras, em redes móveis, cujos nomes desconheço, sei lá, a Orange, a Buyges, deus meu, que saudades, algumas vozes de nuestros hermanos, muitas femininas, uns toques polifónicos em Madrid e Barcelona, umas gargantas com sotaques alemães, uns terrenos e prédios devolutos -- os tais que estão nas mãos daquelas tias filhas da puta que eu, e muitos como eu, estão à espera, há anos, que batam a bota -- passaram a viver milhões.
Também ouvi uma voz de marechala, uma Riefenstahl do Desmancho, a decidir a localização estratégica de várias "Fábricas de Anjos". Ao pé disto, a Bragaparques é um negócio de saloios, com o 12º ano incompleto, que são sócios do Benfica e ainda cospem no chão, com sotaque do "Leão da Estrela".
A rede móvel vai ser altamente beneficiada. Nas traseiras do táxi, naquelas noites de bêbeda infinita, quero abrir o meu Qtek, ir aos serviços, ver as farmácias, os bares e... as "Fábricas de Anjos", de serviço.

"Que tal pararmos ali, e fazermos um Aborto?..."

Isto é a Civilização, e eu sou civilizado. Poder abortar, antes de ir ao "Lux", tomar um "shot" de gin e coca com John Malkovich, perguntar pelo Manel, que está muito doente, subirmos ao topo da estrutura, aquela coisa fantástica, com uma semi-lua de sofás de couro branco, e um semi-círculo de écrans plasma no tecto, como em "Blade Runner", com câmaras apontadas a todos os recantos da casa, sobretudo aos mais indiscretos, poder fazer "zooms", para ver as partes mais excitantes dos corpos, fazer subir os rapazes ao topo da pirâmide, servir umas "linhas", na bandeja, uns "shots" de "poppers", uns gajos com máscaras SM e trelas ao pescoço, cera de velas, em "piercings" dos mamilos", "teen-agers" prontos para todos os apetites de mentes cansadas da Carne, o Dani -- já não o vejo há bués -- a mistura de álcool com Poder, a mais afrodisíaca das coisas, "Twin Peaks", uma fronteira do crime, mas banhado em dez mil atmosferas, como num poema de Li-Bai, e, depois, consultar os emails secretos de Bilderberg, saber por que sorri permanentemente Beatriz de Holanda, como Ferro se estará a dar em Paris, tão perto dos bairros pobres de Bruxelas, "les fils de la racaille", acompanhar os passos perdidos de Morais Sarmento, no "Le Macho", de Bruxelas, com aqueles corpos esculturais, envolvidos numa simples toalha à cintura, enfim, qualidade de vida, intensa, e para sempre.

Do outro lado desta "Boutique Fantasque", e a partir de amanhã, mais 3, menos 3 meses, as mulheres sérias de Portugal continuarão a poder ir abortar discretamente lá fora; as outras, as da vergonha, continuarão a ter vergonha de se apresentar num balcão de hospital, para a consulta de "fazimento de anjos", e voltarão à Dª. Licínia, à Srª. Remédios, aos braços amigos da mãe da Bocarra Guimarães, que juntava os prazeres do privado com os recursos públicos do Santa Maria. Algumas activistas, mas daquelas rijas, pequenas odetes santos da bairrada, baterão no balcão, e dirão, "quero desmanchar legalmente!..."

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O país vai estar melhor, e os efeitos colaterais já aí vêm: entre o IVA a 21%, das clínicas de Lisboa, mais vale continuar a ir "fazer anjos" no outro lado da raia: de qualquer maneira, cá, ou lá, o dinheiro já se nos esvaía das mãos, como essas muitas mulheres em sangue. A publicidade, por toda a parte, do Santander, deve já ser lida como a calmaria de uma espécie de nova Anunciação, a de uma grandiosa apoteose negativa, a do tempo de merda, em que vivemos.

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