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domingo, 17 de janeiro de 2010

A Dona da Pizzaria

Tinha 1,60 e 90 kg. Tudo começou quando tomou a bota do namorado, com quem estava há quase um ano. Deprimida, encontrou alívio na comida. E isso virou uma bola de neve. Quando mais comia, mais afastava os meninos, mais tornava-se carente e danava a comer mais e mais.
Isso durou quatro anos. Após este período, decidiu revolucionar sua vida. Iniciou uma dieta e exercícios. Seis meses depois, 30 kgs mais magra, arranjou um namorado. Ficou tão feliz que reduziu os exercícios e a dieta pela metade, afinal havia conseguido o que queria.
O tempo passou. Um ano, dois anos, três anos.
Os exercícios e a dieta foram definitivamente abandonados.
Agora pesava 120 kg.
Sua mãe ficou preocupada. “Vai perder o namorado, estou avisando”.
Mas ela não estava preocupada. Ele nunca demonstrara preocupação com suas formas vultosas. Pelo contrário, parecia até gostar. E após três anos de namoro, já planejando noivado, casamento, pesquisando terrenos em Bonsucesso, Guarulhos, onde construiriam sua casa e até mesmo brincando de imaginar nomes dos filhos, terminar o namoro não era algo que passava por sua cabeça.
Porém, contos de fadas não existem. Ela descobriu que o sujeito tinha outra namorada. Ou amante. Ou ela era a amante e a outra, a namorada. Confusão total.
Pediu uma decisão a ele: “Quer ficar com quem?”
“Não sei, gosto das duas”.
Ela achou o endereço da concorrente e foi vê-la. A moça morava no Recreio São Jorge, do outro lado de Guarulhos. E para sua incrível surpresa, era ainda mais gorda!
Só havia um jeito de fazer com que seu amado deixasse para trás a garota do Recreio. Decidiu engordar mais ainda.
E nos dois anos seguintes, ampliou seu peso de 120 kg para 160 kg.
Lembra do que eu disse? Contos de fadas não existem.
O namorado apareceu num domingo, dizendo que estava rompendo o relacionamento. O motivo: a outra mulher havia lhe dado um ultimato. Teria que decidir com qual das duas queria ficar. Escolheu a moça do Recreio São Jorge.
A nossa heroína sentiu-se como se o mundo tivesse acabado.
Resolveu suicidar-se da melhor maneira possível. Iria comer até explodir.
Seu celular, porém, tocou. A produção de um programa dominical havia criado o concurso: “A fofa mais sexy do Brasil”. Viram suas fotos de biquíni no Orkut e a convidaram a participar. Ela aceitou imediatamente. Vingança!
E para sua grande surpresa, ganhou o concurso. E não apenas ganhou o concurso, como passou a receber convites de homens e mais homens querendo sair com ela, enlouquecidos com sua performance utilizando apenas lingeries sexies, daquelas transparentes e fio dental. Pelo mesmo motivo, aceitou convite para posar nua.
Virou uma estrela. Foi cortejada até por ator de novela.
Mas espere aí, eu não disse que contos de fadas não existem?
Um telefonema lhe deixou arrasada. Seu ex-namorado guarulhense, agora casado com a rival. Disse que nunca a havia esquecido e queria um encontro. Ela aceitou imediatamente. E apesar de possuir senhas dos homens mais bonitos dos Brasil e alguns estrangeiros, seu coração pertencia ao guarulhense. Levou-o para seu apartamento nos Jardins e fizeram amor.
Todo mundo sabe o que a paixão faz com as pessoas. A estrela passou a dar presentes ao amante, que nunca largou a esposa, porque agora tinham filhos. Em seguida, presentes para os filhos dele.
Deu-lhe um carro. Deu outro carro, mais caro. Passou a depositar dinheiro em sua conta bancária. Comprou-lhe um apartamento, na Avenida Guarulhos.
Dois anos após vencer o concurso, os convites para “presenças vips”foram diminuindo. Era sua única fonte de renda. Ela não sabia fazer mais nada. Não cantava, não era atriz, não possuía dotes para ser apresentadora de tv, nem coisa nenhuma.
Vendeu o apartamento nos Jardins e comprou dois outros menores. Um deles, colocou para alugar. Montou uma pizzaria.
Agora não podia mais mandar dinheiro para o homem que gostava tanto. Achou que ele não iria se preocupar com isto, afinal não estava com ela por culpa de seu dinheiro.
Mas o homem de sua vida foi sumindo, sumindo, proporcionalmente ao sumiço do dinheiro que ela lhe mandava.
Um dia, ele sumiu de vez. Ela o procurou. O porteiro do prédio informou a ele que o sujeito havia vendido o apartamento e se mudado, para local ignorado.
A garota estava sozinha novamente e planejando sua morte novamente.
Mas não sabia quando isso iria ocorrer. Tinha funcionários para pagar e sua mãe para ajudar.
O tempo passou e suavizou todas as dores, sem contudo exterminá-las definitivamente.
A história é esta. Desculpem-me se o final ficou sem graça.

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