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sexta-feira, 9 de outubro de 2009

A Obra de Obama ao Negro



Imagem Kaos


Para os muitos crentes no Pai Natal, e nos ceguinhos, para quem foram agora reinstituídos, como tratamento, os choques elétricos, o Mundo atirou-lhes hoje para cima com mais um baldinho, bem gelado, de água fria: Obama, Nobel da Paz.

Só quem ao meu lado estivesse poderia entender o nojo que a coisa me meteu, mas acho muito bem feita: na era do Virtual o que contam são as... virtudes e as virtualidades, não os atos, e longe vão os tempos em que recebiam Nóbeis da Paz gajos que passavam a vida inteira presos, ou torturados, em defesa de povos, ideais ou meros princípios elementares. Hoje em dia é mais simples: bastam oito meses de faz de conta, mais os discursos escritos pelo demagogo Jon Favreau, mais a Michelle apalpar o cu à Rainha de Inglaterra, mais umas bacoradas, como prometer reformas pagas com dinheiro que cairia, por obra e graça de Alá, do Céu, ou outras, quejandas, entre as quais assegurar aos consumidores de "cavalo" que as rotas do Afeganistão continuariam livres durante pelo menos 40 anos, com umas orgias "gay" e "piss sex" pelo meio, para ir alegrando os futuros amputados e mortos, e um renovar do embargo a Cuba, para que o "people" tenha de continuar a alimentar, com a venda do corpinho, o tráfico de carne dos nativos. As agências de viagem, Cayo Coco, agradecem. Poderia acrescentar mais uns luxos, mas não me apetece, porque este texto tem de estar acabado antes do período de reflexão pré-eleitoral, portanto, contas feitas, tudo somado dá já, como na história da Cinderela, Nobel da Paz, antes da meia noite.

Vamos à leitura primária, já que dispenso a leitura zero, que hoje inundou os Órgãos de Intoxicação Social, e de que o prémio era um "estímulo" (!), o que acho tão extraordinário que nem vou comentar.. Podiam aplicar o mesmo princípio à Literatura, e de aqui a 500 Anos teríamos o Miguel Sousa Tavares a justificar orgulhosamente o SEU "Nòbèle" recebido...

Diz a leitura primária que, sendo Obama um racista vaidoso, uma palhaçada destas só serviria para lhe insuflar mais o ego, e não iria muito além do espírito da República das Facilidades, em que nos querem fazer crer que vivemos: pronto, ele assim ficava mais inchado, e, enquanto passava o tempo a olhar para o espelho, a máquina cega que rege a América profunda lá poderia, muito mansinha, continuar em ação.

A segunda leitura, que zumbe, em surdina, por toda a Blogosfera, é que as Forças Ocultas, os chamados Senhores do Mundo, já não precisam de andar agora na sombra, tão avançado está o processo, e que, agora, até vale pôr a carroça à frente dos bois. Por extraordinário que pareça, esta leitura contradiz a primeira, já que chapa diretamente na cara, ao vaidoso caneco, que ele nada é, exceto mais um objeto epifenoménico na lógica fria de quem mexe os fraquíssimos peões políticos. Não é por acaso que Rui Rio e António Costa lá foram, a Bilderberg, beber o cházinho da meia noite. Para o primeiro, prometendo, quiçá, uma futura força forte, num PSD fortalecido; ao segundo, uma substituição de Sócrates, caso seja corrido -- como se deseja -- da Câmara de Lisboa, e o outro caia de corrupto e podre.

Santana, como é sabido, por lá passou também, e devem ter percebido que era daqueles que lhe podia dar uma reviravolta e atirar com o xadrez todo ao chão. Essa é, como se sabe, a melhor virtude de Santana, e o que mais aterroriza os agachados e aconchegados do Sistema.

Pessoalmente, que me instalei numa poltrona de cinismo e indiferença, e que detesto Obama, prefiro esta segunda leitura do Nobel da Paz, 2009, para ver se os carneirinhos e os crentes no Pai Natal abrem um pouco os olhinhos, tanto mais que a coisa vai acelerar, em Janeiro, quando abrirem a Buceta de Pandora, do Tratado de Lisboa, e percebermos que fomos deslocalizados para uma periferia dos centros de decisão, em detrimento de jogos encenados noutros palcos, e que vamos embarcar na Solução Chinesa: muito trabalho, pouco salário, e cabeça cortada a quem pensa e fala.

Todavia, para que não percam a esperança, não vos queria deixar sem uma palavra de carinho: há, entre este Nobel apressado e a beatificação de São Balaguer, o facínora da Opus Dei, uma sentida intimidade. Balaguer chegou a santo através de dois milagres: 1) o milagre de nunca ter praticado qualquer milagre e 2) o de ter sido canonizado sem nunca ter praticado os dois milagres necessários à canonização. Se virem bem, um mais um faz dois, que é a conta requerida. Num universo mais profano, o presente Nobel da Paz é nobelizado por nunca ter conseguido nenhuma paz, e pela paz que isso proporciona aos fabricantes de armas, já que, como se sabe, os fornos de altas temperaturas de fabrico do armamento nunca podem ser desligados, porque ficariam destruídos, e isso seria inconcebível para o primeiro produtor mundial de armamento, os States, entretidos no Iraque, no Afeganistão, no Paquistão, e, brevemente, no Irão, mas, agora, muito justamente miraculados com o seu São Balaguer Escarumba.



(Às gargalhadas, juro, no "Aventar", no "Arrebenta-SOL" e em "The Braganza Mothers" (também futuro Nòbèle)

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