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Hoje é um dia interessante: Vital Moreira apanhou nos cornos. A violência, em Política, é como a Guerra, para a Diplomacia: é o recurso que resta a quem já esgotou todos os outros. Por definição, uma panela de pressão que não solta pressão... explode. O ato contra Vital Moreira tem duas leituras: uma genérica, ou seja: foi o alvo escolhido, como qualquer outro, para qualquer coisa que, mais tarde ou mais cedo, teria de começar a acontecer, e que, como todos sabem, se vai agora generalizar. A leitura particular é que o Português não perdoa realmente a vilania do caráter do vira casacas, que Vital Moreira tão bem incarna. Para o Partido de Sócrates, outrora conhecido por Partido Socialista, fica agora o sério aviso da prudência e de que acabou o tempo dos sorrisos de rua... não, esperem lá... este era o texto que vocês estavam à espera de que eu escrevesse, mas, de facto, não me apetece, apetece-me antes contar toda a verdade, e a verdade é que, desde ontem, eu já sabia o que se estava a preparar. Desculpem-me ser sincero, mas há alturas em que devemos deixar a brincadeira de lado, e olhar, olhos nos olhos, para falar das coisas difíceis da vida.
O que eu presenciei, juro... foi por puro acaso: Augusto Santos Silva, naquela rua ao lado do Largo do Rato, que dá para a "Casa da Comida", em amena cavaqueira com três gajos daquele tipo rasca, de que o Abel das Revistas tanto gosta. Depois, chegou o Silva Pereira. Nessa altura, já eu estava disfarçado de velhinha, daquelas a quem o neto rouba a reforma de 200 €, e fui-me sentar no degrau da porta, a fingir que dormia, para ouvir tudo, e o que ouvi foi... maravilhoso: o Augusto Santos Silva estava a discutir preços, e os três pintas parece que não concordavam. O Silva Pereira, com aquele sorriso saloio, que ele pensa esphyngico e fatal, repetia, "é como no "Freeport": pagamos tudo, mas em dinheiro vivo, uma "tranche" agora, outra depois de lhe terem chamado "filho da puta, traidor, paneleiro...", e os outros, "como é que é, repita lá para a gente escrever aqui...", e o Santos Silva: "têm de lhe chamar, bem alto, filho da puta, traidor, vendido e dizer que hás de sair daqui com os cornos todos partidos!...", e os outros, "repita lá essa última...", "... com os cornos todos partidos!...". A terceira "tranche" vem quando vocês lhe atirarem com os sacos de água...,
mas o problema começou ali, porque os pintas não queriam três tranches, aliás, nem sabiam o que era uma tranche, e só quando o Silva Pereira lhes explicou que era em três vezes é que os ânimos se exaltaram. Um, de barba de três dias, estilo daqueles que comem o cu ao Hermann, vira-se para eles e começa a aproximar-se... "É assim, meus, vocês podem lá andar todos engravatados e essa merda toda, mas quem vai fazer o trabalho sujo somos nós, portanto, é assim, ou pagam em duas vezes, mal a gente chame "filho da puta" ao gajo, ou a gente -- e sacou duma ponta e mola... -- ... tás a ver?... Ou então a gente fode-vos já aqui".
Não é por acaso que Augusto Santos Silva se tem mediatizado tanto: quem consegue vender a Ministra da Educação consegue vender qualquer coisa, e lá tirou um maço de notas de 100 € e pôs nas unhas dos outros, "ok, pronto, nós precisamos de votos, vocês do dinheiro. Já resultou com o Sousa Franco, por que não tentar outra vez?... Então, fica assim: eu pago só em duas vezes, e a gente dá a água e os sacos de plástico para vocês atirarem..."
Quanto a Vital Moreira, só se perderam as que caíram no chão, quanto ao resto... enfim, quando a Política chega a este extremo é sinal de que, realmente, nunca devíamos ter passado dos Filipes, como dizia a minha avó.
(Duo avé maria cheia de graça tem a barriga cheia de massa, no "Arrebenta-Sol", e em "The Braganza Mothers" )
3 commentaires:
olhos nos olhos, tirar os óculos e fazer pausa solene, como a vaca que manda no bpn fez na tv há dias
Eu sabia que uma visita ao estaminé de BM me proporcionaria umas valentes gargalhadas!
Parabéns pela divina prosa!
:-))
Bem me parecia que tinha havido máfia...
Para quando um textinho no "sinistra"? Saudadinhas...
Abraço
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