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quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Mais conselhos para pessoas com angina pectoris atravessarem calmamente 2009 e seguintes

Neste blogue praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão próprios das Sociedades Avançadas
Imagem do Kaos
Esta tarde, Vítor Constâncio voltou a trair. Vítor Constâncio trai, sempre que se inicia um novo ciclo. Vítor Constâncio apenas existe para manter o seu lugar, à custa de todas as marés, de todos os governos e de todos os partidos. Vítor Constâncio não presta, e esperamos que ele seja o primeiro alvo, quando as coisas passarem dos resmungos aos atos.
Nós, cidadãos comuns, não precisamos de Vítor Constâncio para nada: ele é um homem que serve às centésimas as mentiras dos intuitos do Poder, e o mesmo homem que anuncia, às décimas, o resultado das mesmas mentidas centésimas anteriores: contra si, contra quem acabou de servir, e já a mostrar que está outra vez disponível e "recetiva", como as cadelas com cio, para o que vier e se seguir.
Vítor Constâncio canta glórias com vírgulas, e abre valas comuns com perícias de zeros polidos: mais-mais, ou mais-menos, é-lhe totalmente indiferente. Para quem conta os centavos, dá-se ao luxo de errar com margens de 60% (!), o que equivale a dizer que a própria mentira se lhe tornou tão lassa e flutuante que antes deveria afirmar que o que mente já só tem 40% de credibilidade, o que nos é totalmente indiferente. Vítor Constâncio é, como Cavaco e Sócrates, uma sombra tailandesa que insiste em assombrar os derradeiros dias do Titanic que nos afundaram.
Cidadão, os conselhos para o seu próximo dia-a-dia são parcos e exatos:
1) Acorde, pela manhã, e repita, manhã após manhã, que mais vale salvar um emprego do que salvar um banco.
2) Repita, para si, que sempre que lhe falavam de "poupança", não estavam exatamente a pensar em si, mas na salvação de um sistema de conveniência ao serviço de uns poucos.
3) Sempre que vir um banqueiro aparecer na televisão, a ser entrevistado por um dos fantoches do Sistema, agarre num revólver, e dispare contra o monitor. Vire as costas, e vá friamente comprar um outro, de preferência produto branco, e montado em Portugal.
4) Sempre que, num hipermercado se lhe deparar um monte de livros de um criminoso da Finança, olhe em redor, e depois de confirmar que ninguém está a ver, deite abaixo a pilha de livros, e disfarce o que acabou de fazer. Leya o título e condene logo o autor.
5) Quando receber um cheque, nunca mais o deposite. Levante o dinheiro, e gaste-o equilibradamente, escolhendo produtos que tenham sido produzidos por mãos portuguesas, e ajudem a manter os empregos nacionais.
6) Consulte atentamente os rótulos e proveniências, antes de investir na "gastança". Use, como mnemónica, a palavra "gastança", e ande sempre com um "spay" no bolso. Sempre que se deitar tarde, pela madrugada, já embriado com vinhos e cervejas nacionais, e jamais com whiskies ou gins, passe pelas portas dos bancos, e vandalize os maravilhosos cartazes com as caras de Cristiano Ronaldo, Luís Figo e emplastros afins, da Fórmula 1. Seja bárbaro, e "spraye" a palavra "poupança" onde a vir, escrevendo, por cima "GASTANÇA". (Para cumprir as regras da estética, use cores complementares: verde azeitona, por cima do ocre tijolo do Millennium-BCP; vermelho-touro, por cima da alface BES; laranja de pomar, para riscar o azul turquesa do Barcklays; azul-cueca nos anúncio papaia do BPI, e, sempre que passar à porta do BPN, baixe as calças e defeque qb., e cubra de poças de mijo as fechaduras; no BPP, tem ordem para apedrejar os vidros todos e pichar as paredes com o rol inteiro de palavrões que costuma chamar aos árbitros, naqueles jogos miseráveis a que assiste). Seja artista.
7) Só gastando, e comprando, militantemente, poderá desenvolver a Economia, e salvar os empregos dos seus concidadãos.
8) Tente chegar ao fim do mês com a conta totalmente a descoberto, se é que ainda a tem.
9) Evite usar cartões de crédito, e liquide todos os elos que o/a fazem depender do Sistema de Usura, passando a pagar contas de água, luz, Internet, telefone e coisas semelhantes, não através de pagamentos automáticos, comissionados, mas utilizando os correios nacionais.
10) Se continua a mantê-los, transforme todos os seus depósitos, a prazo, em depósitos de curto prazo, no máximo, de 3 meses. Levante tudo, mude de banco, e volte a depositar, mas, sempre, só por três meses.
11) Se quiser ser mais prudente ainda, converta todo o dinheiro que tiver em pequenos lingotes de ouro (acho que ainda se vendem na Rua Augusta), e deposite-os, a juro zero e visibilidade imediata ao balcão, sempre que sentir necessidade de os contemplar.
12) Deixe de ir a jogos de Futebol, e não assista a nenhum desses jogos pela televisão. Se insistir em o fazer, desligue o aparelho aquando da publicidade, para não se poder continuar a fazer intoxicação de produtos atraentes e perigosos.
13) Contribua para que o nível de audiência baixe de tal modo que bancos, seguradoras, imobiliárias, grandes cilindradas e vendedoras de banha da cobra percebam que não vale a pena investir dinheiro em publicidade enganosa em megaeventos.
14) Evite usar expressões do tipo "fulano-de-tal-do-Futebol foi vendido por não sei quantos milhões": esses milhões não representam qualquer valoração de um talento desportivo, mas antes uma descarada operação de branqueamento de capitais sujos, no chamado Acto Único, uma passagem breve, aplaudida pelo grande público, de um gigantesco fluxo de dinheiros tóxicos, entendido como mais-valia legal.
15) Evite contribuir para o estrelato de figuras que são mantidas com dinheiro sujo. Se, realmente, está viciado, por exemplo, em Futebol, desloque-se a localidades onde se pratica Futebol amador, ou frequente o canal da Liga dos Últimos. Sempre que lhe falem de Cristiano Ronaldo, responda com um frio "desconheço quem seja".
16) Abandone o mercado da Especulação Imobiliária. A Revolução de Le Corbusier assentava num material resistente, mas com uma vida curta, para que se pudesse facilmente demolir e voltar a construir. Sabia que, nos países civilizados, o mercado de arrendamento é florescente e que os Cidadãos do Primeiro Mundo não permanecem a vida toda numa mesma casa?... Sabe que o betão, das porcarias inflacionadas que você compra, tem um tempo médio de vida que oscila entre os 20 e os 40 anos?... Sabe o que terá entre mãos, se lhe acontecer um Hamas ou um 1755 qualquer?... , que você andou a pagar, esfolando-se uma vida inteira. Só um louco passará 50 anos a pagar um material cuja vida útil pode não ir, tecnicamente, além de metade disso.
17) Sabe que há empresas de construção civil especializadas em reequacionar a resistência dos materiais-habitação, de modo a fazer desaparecer a margem de segurança existente em todos os regulamentos, e que supõe colocar a casa ligeiramente ao abrigo de sismos moderados, grande vendavais, chuvadas intensas, ou impactos inesperados, e transformar essas operações de fragilização em ainda maiores lucros para as construtoras?... Sabe que a aldrabice construtiva é tal, à cabeça, que muito poucas vezes esses regulamentos são respeitados, e as casas são edificadas muito abaixo dos limites de segurança?... Sabe que o custo por metro quadrado de uma habitação, terreno e acabamentos incluídos, ronda os 700 €/m2?... Faça as contas, para saber até onde é roubado.
18) Sabia que, ao não comprar casa, está, ao mesmo tempo, a impedir o banco que a avaliou e lhe vai manter a trela, por 50 anos, de manter as ligações obscuras com a construtora, ou pensava que havia anjos que construíam e juízes severos que depois atribuíam um valor?... Se ainda está nessa fase, desiluda-se: isso é tão falso como Fernanda Câncio e Sócrates, e faz parte de um tripé com três assentos, Banca, Construtor e a sua própria... Escravidão.
19) Declare que não pode pagar mais o empréstimo, e embarque nas medidas de exceção, que agora lhe permitem manter um "pró-aluguer". Mal se canse da casa, desista dela, e passe para outra melhor, ao abrigo do mesmo sistema. Deixe que seja o Banco a ficar com a ruína final entre mãos.
20) Regresse aos telefones de cabina, e evite telemóveis com planos caros.
21) Compre produtos alimentares nacionais nos pontos onde lhe forem servidos mais baratos.
22) Utilize transportes públicos.
23) Faça férias, pensando duas vezes entre destinos inflacionados e destinos moderados. Recorra ao intercâmbio de habitação. Se o fizer aereamente, evite rotas monopolizadas.
24) Reduza o consumo energético, evitando assistir a entrevistas de Primeiros-Ministros, mensagens de Ano Novo do gajo que foi o responsável nacional por as coisas chegarem a este estado terminal, e evite pseudo programas de entretimento, ou "debate", onde suspeite estarem apenas membros do Sistema.
25) Sempre que queira obter informação sobre um assunto, faça desaparecer caras suspeitas do monitor de televisão, quer se chamem Pacheco Pereira, António Costa, Marcello Rebelo de Sousa, Clara Ferreira Alves, Miguel Sousa Tavares, Emídio Rangel, Nuno Rogeiro, António Barreto e afins: essas pessoas são as que mais lhe ocultam a Verdade através de mantos de palavras inflamadas, bonitas ou pseudo-silogísticas. Tecle o tema que o intriga no "Google" e encontre o blogue sério, mais próximo, onde o mesmo assunto esteja, ou já tenha estado, em debate. Pense sempre que SIC, "Expresso", Bilderberg e Balsemão são rimas que inevitavelmente rimam com mistificação.
26) Saia mais, e debata com os seus amigos os temas candentes. Evite ideias formadas e grandes títulos comunicacionais: no nosso tempo, o que devia vir na última página, frequentemente, está escarrapachado na inicial. Se gostar mesmo de jornais, arranque as primeiras páginas e leia só as últimas.
27) Regresse à dieta meridional. O trigo, o azeite e os frutos são excelentes para a longevidade e excelentes ativadores contra a obesidade. O café é um estimulante muitas vezes importado. Em sua substituição, utilize o hipericão do Gerês e o chá: não se esqueça de que o próprio fabricante das diazepinas do cai-para-o-lado-e-dorme se suicidou hoje, simpaticamente, sentando-se na linha do comboio. Sempre que um banqueiro e um trafulha se suicidam, a terra fica mais leve; quando você se mata, o Mundo fica sempre a perder.
28) Agarre num "Equador" e use-o como adubo para uma nova árvore, que poderá batizar e apadrinhar. Prefira as espécies druídicas, o castanheiro e o carvalho, em desprimor das alienígenas, como o eucalipto, e as resinosas, tipo pinheiro, porque isso pode trazer lucros a duvidosas empresas de helicópteros apaga-fogos, muitas vezes propriedade de pessoas capazes de porem outras a mando de os atear.
29) Organize-se em movimentos cívicos e oponha-se, em todo o tipo de ações de rua, textos escritos e imagens, a que haja uma qualquer alteração do escalonamento dos atos eleitorais: primeiro, vamos-lhe às trombas nas Europeias, obtendo um valor de Votos Nulos próximos de 100%. Isso também ajudará à não reeleição do canalha Barroso, cúmplice de todos os crimes do Iraque, Abu-Ghraib e de Guantanamo, e a uma visibilidade Portuguesa equivalente ao "NÃO", da Irlanda. Segundo, nas Autárquicas, vote em qualquer força política que não seja o PS, e ponha o país de todas as cores, exceto o Rosa, para que nas Legislativas eles já vão com o cóccix preparado para o que os espera. Faça o que eles mais detestam: tire ilações de ambos os atos eleitorais, e projete-os sobre o que poderá acontecer nas Legislativas. Não se esqueça de que você, como eu, temos, na massa do sangue a chico-espertice portuguesa, e entre brancos e votações em massa, podemos fazer descarrilar o espetro político tradicional, obrigando a alianças inesperadas e salutares. Olhe para Manuel Alegre e todos os disparates que o garrafão lhe dita, e tome-o com o mesmo grau de seriedade do elefante que tocava a sineta no Zoológico: sorria e vote ao lado. Estamos no séc. XXI, não no tempo dos delíquios de Antero de Quental, esse, sim, grande poeta, mas do... séc. XIX.
30) Gostaria de terminar como comecei: salve todos os dias um emprego, mesmo que isso possa custar a sobrevivência de qualquer banco. Leia, adapte e envie, por email, a todos os seus amigos. Este é um texto livre, ditado por uma mente completamente livre.
Boa Noite e um Ótimo 2009.

6 commentaires:

e-ko disse...

excelente, excelente!

justo e hilariante qb!

quink644 disse...

Começa a ser cada vez mais raro ter alegrias pela manhã... Hoje foi um desses dias com a leitura deste texto que só penso que deveria ter como título: Melhor é impossível!
Devia tornar-se leitura obrigatória de todos os manuais escolares a partir do 7º ano de escolaridade, uma espécie de prefácio, a introduzir em todos os níveis de ensino e em todas as disciplinas.
Se o tivesse, tirava-te o chapéu. Como não tenho, tiro-to na mesma.
Um abraço

samu disse...

extraordinário.

Muito obrigado pelo humor e pela maneira de enrabar estes canalhas.
é mesmo o que estes filhos de 70 pais precisam.

Mariazinha disse...

Excelente!
O Arrebenta no seu melhor.

Beijokas e podes querer que irei seguir à risca as sugestões

Mariazinha

katrina a gotika disse...

Excelentes sugestões! Concordo com a maior parte, embora não concorde nada com algumas. Era muito longo enumerá-las. Algumas sugestões até já são impraticáveis, como a das cabines telefónicas. É que já há muito poucas e as que existem estão sempre avariadas. Mas, graças a Deus, há sempre os planos baratos pré-pagos em que só se paga o que se gasta e há também O EDUCAR OS AMIGOS PARA RESPONDEREM SIM OU NÃO E NÃO "NIM" A UM CONVITE para não se desperdiçar dinheiro em mensagens da treta, ou não responderem de todo enquanto não tiverem a certeza. Educação é o que se precisa. Os correios estão todos fechados, não vale a pena.
Produtos portugueses seria óptimno se ainda existissem. Eu prefiro a qualidade, não me importo de onde ela venha. Merdas chinesas é que não -- excepto quando não há dinheiro para mais, a triste verdade é essa.
Last but not least, sim, votar em tudo menos PS ... E PSD!!! Esquecer essa treta do voto útil.
Educação é o que é preciso.

Rezor disse...

Excelente. Isto poderia muito bem ser um Guia de Sobrevivência em Portugal 2009.
Eu já andava a pensar em fazer o nº 19 e libertar-me da escravatura.
Depois disso irei tentar provar como o Vitor ConsTANSO é o irmão perdido de George Constanza do "Seinfeld".

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