Naqueles rumores de rédea solta, e muito ao gosto da governação "contra", e jamais "a favor", do "Eng." Sócrates, correu por aí que 50% da população portuguesa vivia à pala do Estado, ou por ser Funcionário Público, ou aposentado.
Eu adoro estes raciocínios, porque são sempre motivadores para discursos, meus, e ainda mais empolgantes.
Assim, eu antes diria que o Estado sobrevive à pala de 50% de Funcionários Públicos e de Aposentados.
O Estado, hoje em dia, é aquilo que, em Roma, se chamava "Res-Pública", Coisa Pública, ou seja, aquela estrutura acima do cidadão comum, que assegurava que os espaços de concentração de homens e mulheres comuns pudessem dispor de redes de abastecimento de água, de estradas, de pontes, de ágoras, de banhos públicos, de esgotos e de uma série de outras comodidades que certas memórias curtas pensam ser derivadas do mecenato dos bons corações.
Pois acontece que não são, e quando o Iluminismo redescobre o sentido da Coisa Pública, acrescenta-lhe muitas mais novidades sociais e tecnológicas, o conceito de Saúde Pública, de Educação, de direito ao Transporte Colectivo, de Protecção no Infortúnio, enfim, todas aquelas coisas que o "Millennium-B.C.P.", por exemplo, nos dá, de forma gratuita, benemérita e universal.
Acontece que esses 50% que, alegadamente, vivem parasitando o Esatdo, por curiosidade, são aqueles mesmos que, sem dó nem piedade, mensalmente sustentam a Máquina Fiscal, ou seja, só há 50% de Portugueses que não podem gozar do Direito Cívico de defraudar o Estado, e nenhum deles é funcionário público. Objectivamente, e sendo mais minucioso, há uns que são mais Estado do que os outros: uma Empregada da Limpeza, num Ministério, por exemplo, só tem deveres, enquanto um assessor de imagem do Sr. "Eng." Sócrates, embora muito mais bem pago, tem uma cruz infinitamente mais pesada, como, por exemplo, a de ter de andar, de "site" em "site" internacional, a patrocinar o carácter "straight" da sexualidade da criatura, ou a requisitar a presença oportuna de revistas cor-de-rosa, nos momentos em que ele sai com a Câncio, depois de ter transmitido instruções ao "Diário de Notícias" sobre como deve abordar a deriva governamental.
O Estado é uma coisa muito divertida: aos defensores da Liberalização eu recomendava uma ponderação rectroactiva, a começar, por exemplo, não já no tempo em que Salazar e Caetano utilizavam a Máquina da Administração Pública para acoitar amantes, afilhados e enjeitadinhos; antes comecemos com a desastrosa descolonização de Monsieur Sôàrês, e suponhamos um cenário muito interessante, que seria o ter, num lado, Sôàrês a descolonizar, à pressão, e, do lado de cá do Oceano, um Sôcràtês, quando eles chegassem todos de mochilinha às costas, e lhes tivesse imediatamente fechado as portas da Máquina Administrativa, dizendo que Portugal se encontrava num terrível período de contenção das Despesas Públicas e que só lhes podia oferecer lugares de... supranumerários, enfim, prateleirinhas.
Como eu gostaria de que o Sector Privado tivesse avançado nessa altura, e apostado numa liberalização do Mercado do Trabalho...
Infelizmente, como toda a gente sabe, a história não acaba aqui, segue pelo Soaristão, pelo Cavaquistão, pelo Guterristão, pelo Chernistão, pelo Santanistão e culmina no Socratistão, que acolheu a última camada de amigos e conhecidos, à pala do Estado.
Quando, com o despudor, a impiedade e a falta de vergonha na cara que o caracterizam, o "Eng." Sócrates ataca o Estado, devia recordar-se de que ele, e o seu Governo, são, por essência e natureza, o próprio Topo do Estado, e já que uma sociedade desestatizada é assim tão louvável, dêem o exemplo: abandonem o Estado e passem-se para o Privado. Nós queremos que o Governo Sócrates seja oferecido aos Portugueses como uma das propostas de oferta do Sector Privado, ah, sim, e que, obedecendo às Leis do Mercado, o dito cujo Sector Privado tenha mais alternativas governamentais para nos oferecer, e que nós sejamos livres de as escolher, como as operadoras de telemóveis, ou as servidoras de Internet. Nesse dia, aposto, ele ficava com a banquinha às moscas, moscas, aliás, que nem sequer o espantariam, de tão familiares ao conteúdo em que transformou a Governação portuguesa.
Neste blogue praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão próprios das Sociedades Avançadas
3 commentaires:
Informo-te que te designei para um Prémio Dardos. Com este prémio simbólico “se reconhece o valor que cada blogueiro emprega ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc.”
Parabéns!
Está tudo aqui:
http://ondas3.blogs.sapo.pt/1346419.html
Octávio Lima
Embora tenha bastante apreço pelo seu trabalho, estou a sentir-me ligeiramente incomodado com tanto recurso à SIC (para mim nem melhor nem pior que as outras), mas acho estranho.
Já sei quem não está bem muda-se.
De qualquer forma aceite os meus cumprimentos.
Caro Filipe, assim como o "Público", a "Sic" percebeu que há uma interação positiva entre a Blogofera e o Jornalismo.
Os vídeos da "SIC", poupando-nos o trabalho de os estarmos constantemente a ter de gravar e colocar no Youtube, já vêm agora com o código próprio, para inserção no blogue, ao contrário da RTP e da TVI, que ainda estão na fase do guardar tudo bem guardadinho.
O resultado é que são/foram ultrapassados/as :-)
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