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segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Maria Keil



Neste blogue praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão próprios das Sociedades Avançadas
Esta chegou por email, e ainda não tive tempo de ir lá confirmar. Tem todo o ar de ser verdadeira, e só penará pela verdade: nas obras de ampliação do Metro, os painéis de azulejos de Maria Keil, oferecidos pela autora, e fabricados na Viúva Lamego, foram implacavelmente picados por gente que não tem olhos nas mãos. É verdade que somos o país dos pés, mas podíamos, às vezes, ter olhos nos pés, para evitar espezinharmos tudo e todos.
Cruzei-me com ela e com o Lagoa Henriques, já muito tardiamente, e por acaso, num júri, onde se falou daquelas coisas profundas de que as pessoas sensíves costumam falar: uma árvore gigantesca, que as gruas tinham acabado de arrasar, ali, perto de Belém, e que muito os fazia sofrer.
Aos poucos, também Maria Keil vê a sua obra doada ser arrasada por toda a parte. Há uma parte disto que é crime cultural público. A outra é uma questão privada: a minha avó morava ali perto, no seu enorme casarão da Almirante Reis, e o meu olhar infantil cruzava-se infinitas vezes com estas paredes. Para mim, são como a madalena, de Proust: evocavam uma música de infinitas coisas desaparecidas. Agora, estão mesmo perdidas para sempre. É pena, mas, suponho, fará parte daquele nosso, e irremediável, ir morrendo aos poucos, que a todos fere.
Feriu.

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