Querida Lola:
Sou Professora Primária na Cruz de Pau, tenho o meu marido desempregado, e cheio de Alzheimer, passa os dias a olhar para mim, e a dizer, "és tu que és a Ministra da Educação?...", meu deus, sofro imenso com isso, e o meu filhinho de seis anos entrou agora para a Escola. Estou sem um cêntimo, com o material escolar, a prestação da casa, os bancos a falirem todos, e agora já nem saio de casa, com medo de ser assaltada e violada pelo Primeiro Comando de Portugal. No meio disto tudo, veio o leite chinês, e estou apavorada com o meu filho poder estar contaminado? Acha que meta baixa psiquiátrica, ou vá para a janela todos os dias, aos gritos?...
(Efigénia da Costa, Cruz de Pau)
Querida Efigénia:
A menina põe-me tantos problemas no seu email, que parece o Bloco de Esquerda, quando lhe dá para a catequese em série, não há quem os cale. Na vida, os problemas deviam ser como no currículo das mulheres sérias: um de cada vez. Querida, ter o seu esposo com Alzheimer é uma mais valia, porque pode ir envelhecendo à vontade, que ele continuará a ver em si um objecto sexual apetecível, como a Maria de Lurdes Rodrigues. Pior era se passasse o dia a perguntar-lhe "és tu a Ferreira Leite?...", e a menina a dizer-lhe que não, com a boca fechada, porque essa mulher acha que estar calada vai resolver os problemas da vida dela e do país. Por acaso até vai, porque quanto mais calada estiver mais depressa desaparecerá de cena, e é um favor que faz a todos nós. Quanto à falta de dinheiro, filha, acho que isso é um problema de todos os Portugueses, que não optaram, no devido tempo, por vidas alternativas de esquina, como eu. Claro que como traveca decente, não posso dizer a uma professora primária que vá para a esquina, para pagar a hipoteca da casa, ou os lápis do seu filho. Diz que tem seis anos e ainda mama?... É um rapaz promissor: às tantas, de aqui a trinta anos, está no mesmo estado que eu, que também não passo um dia sem teta... Agora, querida, o que me pôs mesmo cheia de tusa foi a menina morar na Crus de Pau: eu, se morasse na Cruz de Pau, passava os dias sentada em cima dela, no mete-e-tira, a toda a hora. Há terras cujos nomes me inspiram, e essa é uma delas. Imagine a menina sentada na cruz, no mete e tira, e vir um bando de brasileirões, com 22 anos, dizer-lhe que tinham entre as pernas, para a sua buceta, coisas bem mais duras e húmidas do que uma cruz de pau... Ai, qui, dêlícïa!... Agora, quanto ao leite chinês, acho que a culpa é toda sua, filha: com a fama que os distribuidores de leite chinês têm, só engole quem quer: essa é a espécie de líquido que a minha boquinha, se deus quiser, nunca há-de provar!... Só se houvesse, de repente, uma calamidade, e os Cabo-Verdianos se extinguissem, como os dinossauros.
1 commentaires:
Ganda Dona Lola!
Enviar um comentário