Hoje, por volta de 19 horas, minha sobrinha ligou para casa, chorando, dizendo que o ônibus em que estava havia acabado de ser assaltado.
Desta vez, a fita foi mais violenta. O motorista do ônibus não queria abrir a porta para os bandidos, que quebraram uma janela e, após roubar o caixa, o espancaram.
Deu muita sorte de não ser morto.
Falei para minha sobrinha se acalmar, pois agora a violência faz parte da paisagem.
Minha mãe começou a pensar em rotas alternativas, sugeriu que minha sobrinha voltasse para casa em vez de ir para faculdade, mas sempre que fico sabendo a respeito de algum crime, solicito às pessoas que não mudem suas rotinas por culpa do crime. Do contrário seremos os reféns e prisioneiros, ao mesmo tempo.
As ruas são nossas, as lan houses são nossas, os ônibus são nossos, pessoas de bem, honestos, trabalhadores.
Se você tem o hábito de ver o por-do-Sol numa pracinha e um dia é assaltado, não deixe de fazê-lo, no dia seguinte. A praça é sua e o Sol também, não dos bandidos.
No entanto, acabamos instintivamente mudando nossos hábitos.
Por exemplo, moro num lugar tão sossegado que não temos o hábito de fechar portões e portas. Não fechamos nem quando todos saímos de casa, deixando-a vazia. E nas noites quentes, durmo com janelas e portas escancaradas.
A molecada também gosta de passar a madrugada conversando na calçada, nos finais de semana ou férias.
Mas hoje me flagrei passando a chave no portão, quando entrei em casa.
Decidi ao menos voltar à lan house, exatamente no mesmo horário, para tirar o trauma do assalto de ontem. No entanto, foi difícil ficar tranquilo. Cada um que entrava me fazia dar um pulo na cadeira.
Neste momento, estou em casa, usando nossa maravilhosa internet Oi Velox, que de velox não tem nada. Deveria ser Oi Lerdox. Tá, eu sei, tenho que limpar o computador para ficar mais rápido.
Mas voltando à fita no busão, meu coração fica num aperto danado quando imagino minha sobrinha apavorada, dentro do ônibus, abraçada à amiga dela, que é nossa vizinha e faz faculdade com ela.
Lembrei-me daquele sequestro do ônibus no Rio de Janeiro, que rendeu o documentário do José "Tropa de Elite" Padilha e depois um filme de Bruno Barreto, se não me engano.
O que eu faria numa situação destas, especialmente sabendo que temos uma polícia completamente despreparada para enfrentar esse tipo de situação? Vide o caso da menina que morreu, após ficar uma semana sequestrada pelo ex-namorado, em Santo André.
Eu daria uma de herói e invadiria o ônibus para brigar com o bandido? Pediria para ser trocado por minha sobrinha? Arranjaria um revólver emprestado para tentar matar o[s] bandido[s] por conta própria?
Espero não precisar descobrir esta resposta nunca.
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1 commentaires:
Meu caro, brevemente Portugal fará parte do ABCD São Paulo...
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