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É meia-noite e é hora da historinha para adormecer internautas.
Era uma vez um passarinho -- eu devia ter ido para ornitólogo, porque há sempre uma história que me chega através de um passarinho... -- e esse passarinho contou-me que esta porcaria toda, em redor de Sócrates, não é senão o princípio de outras ainda piores, que aí vêm.
Não, o passarinho não se chama Felícia Cabrita, porque essa tem uma envergadura de asas que não faz mesmo nada o meu aviário, mas vamos supor que eu tinha estado numa capoeira... não, capoeira também é uma imagem muito feia... pronto, vamos esquecer o passarinho,
"consta-se de que"
o badochas a quem chamam "Senhor Engenheiro" adora uma das coisas que eu mais detesto: dinheiro, e que, à pala de adorar dinheiro, disse-me o passarinho, está metido em muitas mais trafulhices do que esta do "Freeport", e aí já a história me começou a interessar. Aliás, o tom das coisas, ultimamente, com os figurantes do costume a meter os pés pelas mãos, e os disparates a sucederem-se a um tal ritmo que só seria possível num país de analfabetos, Novo-Oportunizados e Licenciados "Independentes", já deixava antever isso. E incluo nesta crítica o Sr. Manuel Alegre, que devia voltar rapidamente a Argel, e converter-se ao Islamismo, deixando terreno livre para gente nova, de quem tanto andamos ávidos.
Eu tinha uma teoria, melhor, uma hipótese, que agora ganha corpo de tese, e que é a seguinte. Como se costuma dizer, cão que muito ladra não morde. Ora, desde que ganhou corpo a monstruosa coligação de interesses, despudor e falta de nível a que se resume a atividade do Governo do Senhor "Engenheiro", com o diário lançar de suspeitas, insultos, chantagens, desacreditações profissionais e de classe, pessoais, minúcias "ad hominem", cartas anónimas, incitamentos à delação, à coação, à pressão superficial, epidérmica, e, depois, dérmica, óssea e subliminar, à perseguição cirúrgica, enfim, a todos estes pequenos confortos a que a História, em breve, resumirá o período negro, designado "Socratismo", sempre tive uma suspeita, que era a seguinte: só alguém, que vive sob a pressão do Medo, se atreve a desencadear um processo tão vasto de desagregação dos niveis mais elementares de civismo, de dissolução dos elos de solidariedade para com o próximo e de desacreditação de tudo quanto ainda tinha um mínimo de dignidade ética, numa sociedade já tão fragilizada como a Portuguesa. Por outras palavras, Sócrates e os seus sequazes eram uma mentira a prazo, com diversas espadas de dâmocles, suspensas sobre o seu destino político e humano, e, portanto, convinha-lhes lançar, sobre uma população inteira, a suspeita de que quem estava a viver à margem da lei, que era imoral, oportunista, era ela, e que, portanto, devia ser PUNIDA.
Ora, por acaso, só uma estreita fatia da nossa população, graças a deus, passou pelos baldes de água fria da Casa Pia, como a Sinistra Ministra; nem todos têm, na consciência, o peso de terem tirado um curso à pala de postalinhos e "angústias" confessadas a criminosos com poderes de emissão de diplomas, e muito poucos de entre nós têm força para pagar páginas de revistas e de jornais, a fingir que a nossa sexualidade, seja ela qual for, não é a que é, mas a que nós gostaríamos que fosse, e ainda menos têm influência e atrevimento para telefonar para jornalistas, ameaçando com sanções, caso venham a público os pequenos/grandes podres do nosso passado.
Não, isso são tão-só maneirismos de minorias, e tão-só numa sociedade doente podem passar impunemente, a coberto da pretensa validação de maiorias absolutas.
Claro que quem está a teclar estas palavras é uma pessoa que pertence às "Forças Ocultas", tem as costas muito bem protegidas, recebeu rios de dinheiro do BPN para emitir opiniões falsas e falaciosas, e está, como nunca foi atingido em nada da sua dignidade pessoal, profissional e cultural, a desencadear uma campanha gratuita e maldosa, cuja única finalidade é atingir a figura do Primeiro-Ministro, pessoa exemplar em tudo o que em si contem; caráter, currículo e postura política.
Até nisso o Cidadão Sócrates teve azar comigo: pertenço àquela larga fasquia de idiotas que, com o seu voto, o colocou no lugar em que colocou, e é dessas pessoas que ele mais deve temer o discurso, as críticas e a oposição cerrada. Na sua maioria, não são nada para além de mentes com o dom de pensar e escrever, e dotadas de uma qualidade que se chama juízo moral, coisa velha, desde Kant, mas que não perdoa: uma vez atraiçoadas, atraiçoadas para sempre, e, quando vêm à liça, não é porque tenham qualquer prazer sádico, como este Governo demonstra ter, em cada um dos seus atos ofensivos do Povo Português, mas, sim, de que a nós próprios concedamos o direito de repor, interiormente, um equilíbrio, que permita a nossa sanidade pessoal, e nos permita continuar a existir, enquanto seres sociais e com devir.
Simplificando: é um facto que cometemos um erro politico, e fomos enganados numa opção eleitoral. Pretendemos, portanto, abrir agora espaço, nesta arena de sufoco, para que a alternativa e a reposição da legalidade, política, moral e emocional, se tornem possíveis.
A História mostra que nenhum tirano é eterno, nem nenhuma mentira duradoura o é para sempre.
A segunda parte desta reflexão vai para coisas mais pragmáticas: evito, por razões que se começaram a tornar evidentes, frequentar a televisão, ou coisas afins. Hoje aconteceu, por acaso, cair num daqueles programas que abomino, a "Quadratura do Sistema", a qual, já por si, é um produto inquinado do Debate, já que só tem três pernas, numa panóplia política onde existem cinco. Como diriam os canónicos Comunistas, trata-se de uma mesa redonda de "Direita", queira lá isso dizer o que disser, mas a verdade é que o espetro político ali se esgota no PS.
Isto, todavia, eram apenas os preliminares, porque o que verifiquei é que o tom da linguagem, as tergiversações, as temáticas, o nível insidioso, a mergulhar no pessoal se pareciam muitíssimo com o praticado no "Braganza", desde que, no início de 2006, veio subsituir o Blogue Eleitoral, anti-Cavaco, "The Great Portuguese Disaster", por sua vez, com origens em 2005.
De repente, e para surpresa minha, vejo o "tisnado", da Câmara de Lisboa, a falar de insinuações sobre as relações de Sócrates com um qualquer -- que toda a gente sabe que não é um qualquer, mas um canastrão de nome bem conhecido na nossa praça... -- ator, e mais um diploma que foi manchado (?), quando qualquer pessoa com formação em Engenharia sabe que as notas, tiradas noturnamente, pelo discente de Vilar de Maçada seriam impossíveis, nos Cadeirões em que ele as sacou, e etc. e tal, ou seja, de repente, o debate político, por mau que já fosse, ainda conseguiu descer ao nivel da linguagem mordaz, satírica e acusatória que aqui praticamos.
Qualquer um outro se vangloraria de ter conseguido impor um estilo de pronúncia, que tivesse alastrado à Coisa Pública. Eu só o lamento, porque não foi a linguagem nem a permanente chacota que, de repente, se tornaram sérias, mas o patamar da Política que drasticamente desceu, de tal modo, que se conseguiu posicionar no nível da nossa permanente caricatura.
Foi um gato que fedorizou.
O restante deste texto, para que se não prolongue muito, vai regressar ao factual: a semana passada, a "Lux" -- acho que era a "Lux" ou uma porcaria semelhante -- trazia, em primeira página, que "Sócrates se refugiava, em plena crise, nos braços da namorada (!)"
Qualquer pessoa que conheça um punhado de bichas bem informadas -- e eu eu conheço umas duas ou três, tipo peso-pesado -- sabe que essa história da "namorada" é chamar abertamente imbecil ao português comum, o qual não tem, e não deve ter, de suportar toda a casta de histórias que circulam sobre as "performances" sexuais de Sócrates, que até parece serem muitas, variadas, incontroláveis e alheias a mulheres. Está no direito dele. Não está é no direito de que isso suba ao patamar do debate político, nem de que páginas inteiras de revista recebam o sermão encomendado de contar falsas histórias da carochinha. Certas mulheres, a soldo, prestam-se a tudo, mas isso é um problema delas, e nós também já tivémos disso na nossa flutuante equipa. O exemplo oposto é a nova Primeiro-Ministra Islandesa, lésbica assumida, coisa que só honra as sociedades avançadas: nenhuma sombra de segregacionismo, sobretudo sexual, e toca a andar.
A cereja, todavia, terá agora vindo numa dessas novas revistas-cor-de-rosa -- não sei o nome: foi a Laura "Bouche" que me telefonou, a dizer que isso andava por tudo quanto era bancada de jornais -- onde o Sr. Sócrates era apresentado como o novo Cristo do Sofrimento, o Bom Jesus de Vilar de Maçada, com umas coisas inconcebíveis, um autêntico desgraçado, perseguido, com a irmã morta, só deus sabe em que azar, a mãe cega (?), um tio encontrado amarrado numa cadeira, morto, e com as calças pelos tornozelos (!), enfim, tudo isto ao nível da comoção da varina, o que me leva a crer que, quando a máquina de propaganda se presta a descer tão baixo é sinal de que enormes petardos estão aí, em vias de estoirar.
Por acaso, coincide com o que o tal passarinho me disse.
Talvez seja no sábado, quando os grandes semanários lançam as suas bombas.
É bem feito: quem com ferro mata com ferro morre.
Em tudo isso, o que me inquieta, dado o estado de desastre do país, e o que mais me preocupa, é ter de urgentemente começar a pensar antecipadamente em quem é que vou ter de votar, mal esta porcaria expluda. E quando aqui digo "eu", na realidade, estou a pensar num outro plural... nós.
(Desabafo pentatónico, no "Arrebenta-SOL", no "A Sinistra Ministra", no "Democracia em Portugal", no "KLANDESTINO", e em "The Braganza Mothers")
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Vai chover
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