Neste blogue praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão próprios das Sociedades Avançadas
Loucura minha.
Para as pessoas, dou-lhes cores também: o meu anjo tem a cor azul céu como os seus olhos e pele macia como o veludo. É pena que poucas pessoas tenham essa cor, porque estão todas muito estragadas.
Vivo nessa frenética alucinação e nessas desvairadas associações da minha mente tarada.
Quão bom!
Ainda menino, costumava imaginar que o meu quintal era um grande reino, e cada árvore era uma casa, num sistema aberto, baseado no livre acesso. Entretanto estavam todos muito maduros para aquele disparate todo, tão maduros que apodreceram. Eu que sempre participei da concepção do meu imaginário, fui sempre o culpado. Não interessa.
-Eram tolos e não sabiam o que diziam!
-Salve Deus!
E então eu criava caminhos retirando as ervas daninhas e chamava-lhes de avenidas, depois, as casas nas alturas das árvores em pontos estratégicos para avistar os inimigos.
Ali passava horas a fantasiar e inventar, onde era habitual ao fim da tarde e do desvario todo, ir conversar com as plantas e sentir o cheiro das flores.
Queria não ter chegado ao fim da eternidade, mas cheguei.
Já adulto retornei à esse lugar, e na minha casa, que era uma goiabeira muito velha, fui até o meu quarto, que tinha uma vista para todo o reino, e acendi um cigarro, e o fumei. Dentro de mim, havia um lamento de ter crescido, em ver como já não havia tanto espaço para mim ali, como as árvores tinham crescido, e como já não tinha a mesma mobilidade. O reino manteve-se. Eu não.
De longe ouvia chamarem o meu nome, mas naquela altura, não era apto de decifrar qualquer sinal sonoro incapaz de me fazer retornar ao infeliz mundo real.
Dia trágico.
Início do meu luto.
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