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quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Correio da Lola - "Começo a ter medo de ser Jeová..."

Neste blogue praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão próprios das Sociedades Avançadas

Querida Lola:
O meu pai inscreveu-me no Benfica e no Salão do Reino das Testemunhas de Jeová, mal nasci. Nunca fui bem tratada, como sabe, porque Portugal é muito pouco reativo às velhas tecnologias, e fartei-me de ser corrida à vassourada, de cada vez que tocava a uma campainha. O problema é que, desde o mês passado, sempre que bato a uma porta para anunciar o Fim do Mundo, as pessoas ainda me insultam mais, e mandam-me ir ter com o meu filho... Querida Lola, sou solteira e nem filhos tenho... Que acha que se passa?...
(Serenela Brederode, Salão do Reino das Testemunhas de Jeová da Funcheira)

Querida Serenela:
O seu problema é o problema do comércio tradicional, agravado agora com os problemas da Crise criada pelos Senhores de Bilderberg. Aqui há uns anos, até era natural que andasse de porta em porta, a pregar o Fim do Mundo, porque ninguém acreditava, era como as profecias do Zandinga ou os oráculos do Dr. Vítor Constâncio: mentiras às centésimas. O mal foi quando as pessoas agora perceberam que a hora estava mesmo a chegar, e já sabe como é o Português: mal acontece uma desgraça, não se preocupa com a desgraça, preocupa-se é com encontrar um culpado. Ora, como pode imaginar, o Mundo não vai acabar por causa do Bibi ou do Vale e Azevedo, agora, se a minha querida chega a uma porta, diz que é Jeová, e vem anunciar o Fim do Mundo, é natural que lhe perguntem logo se é mãe do Senhor Sócrates, e querem saber pormenores, como, onde, quando e com que campanha publicitária é que o Mundo vai acabar. É normal, não acha?... É como se o Bill Gates lhe batesse à porta para vender um portátil, uma coisa que só acontece uma coisa na vida. Querida, eu percebo que a crise esteja a tocar à porta às Testemunhas de Jeová, já que toca a todos. Prevejo que, brevemente, vão ter despedimentos em massa, e vão perder o monopólio desse discurso, já que qualquer gestor mais avisado, qualquer diretor de banco central, qualquer governante, qualquer comentador passa agora os dias a falar do final dos tempos. É um horror, eu sei, mas é a Globalização. A minha amiga deve preocupar-se é com o Darwinismo que vem aí: com tanta concorrência a anunciar o Fim do Mundo, só os mais aptos vão sobreviver. Tente sobreviver, e colocar-se do lado dos mais aptos. Exerça o seu civismo, reuna as suas amigas do Salão do Reino, e corram de lá, quanto antes, com a Dona Adelaide Monteiro: trata-se de um fundo tóxico, e de um capital de alto risco, que vai acabar por vos arrastar a todas para o abismo. E ainda há um perigo real, filha, é que a mãe, assim como o filho mandou selar uma Universidade, para esconder as trafulhices de um Diploma, mande fechar os Salões do Reino de todo o país, para não deixar provas, e passar a ser ela a abelha-mãe, a única Jeová, do Héron-Castilho. Cuide-se, sua gordurosa.

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