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sábado, 28 de novembro de 2009

Grandes Êxitos do "The Braganza Mothers" - Correio da Lola - "Novo Accordo Ortográphico: como deverei escrever Fernanda Câncio?"

 

Querida Lola:

Estamos em 2009, querida, e chegou o Novo Acordo Ortográfico. Como não tinha mais nada para oferecer às minhas sobrinhas, comprei o número de Dezembro da Revista "Ler", e vi lá o nome de Fernanda Câncio... Câncio... Câncio tem acento. Fiquei logo na dúvida. Querida, com o Novo Acordo, deveremos escrever "Câncio" ou "Cancio"?...

(Maria de Lourdes Roldão Preto, Universitólica Caquética)

Querida Maria de Lourdes:

A sua dúvida é a dúvida da maior parte dos Portugueses. É evidente que, para si, Docente Universitária, e para mim, traveca do Conde Redondo, portanto, pessoas diferenciadas, com um percurso semelhante, é quase transparente que o acento circunflexo, quer em "Câncio" ou em "Constâncio" é perfeitamente dispensável, já que o ditongo "an", por si mesmo, lê-se "an", quer seja escrito "an" ou "ân". Infelizmente, acho que isso está mais ligado ao Poder cair, ou não, na rua, em 2009, já que me parece tão difícil que caia o acento nesses dois nomes como eles próprios caírem do assento. Não se esqueça de que em Portugal nada se cria, nada se inova, tudo se transforma em perda, como pode ver pela "Ler", onde são sempre os mesmos a continuar a escrever para os mesmos. Não será por acaso que a outra já mudou de esquina blogosférica, e está agora no "Jugular", onde lhe pode deitar mais facilmente as mãos aos gasganetes. Todavia, voltando à vaca fria, "An" é dos sons mais ricos e generalizados do nosso romance corrente, já que vai desde o "hã?..." com que os seus alunos a presenteiam, quando você os apanha a copiar nas frequências e lhes diz para se virarem para a frente, como no som guloso da jumenta a ser coitada pelo onagro, que faz com que a minha querida Lourdes (devia escrever com "u", linda...) tenha de acordar às 4 da manhã, para bater com o chinelo na parede, para ver se a sua vizinha, também catedrática, finge menos orgasmo e se dedica mais à ação, deixando os vizinhos dormir. Talvez a minha resposta esteja a ser uma deceção para si, mas vamos direitas ao assunto: você, como eu e a Câncio, é claro que acedemos aos nossos postos por concurso, e somos anualmente avaliadas, eu, eventualmente, mais analmente do que vocês, mas o importante é que haja avaliação, e de tromba rija. Agora, conhecendo a menina como eu conheço bem os Portugueses, é normal que pessoas indispensáveis ao nosso universo cultural e financeiro não queiram ter os seus nomes ligadas ao "an, an, an, an..." corrente da puta ou da cadela que são comidas onde quer que calha, e em qualquer baiuca, e se reservem o direito de querer conservar o "ân" no nome. São gentes de outros voos, que em nada partilham de nossos enjoos, e não se sentem como meras infeções, mas, antes, altas referências dos seus limitados setores. Quer um conselho?... No fundo, fica tudo ao seu gosto, mas não se esqueça de que a própria Câncio já tomou uma decisão firme, ao fazer cair o circunflexo no seu email: uma autentica vidente, muito antes do tempo: fernanda.m.cancio@dn.pt. Lembre-se tambem da rapidez com que corre a Língua. Enquanto uns quantos ainda andavam a zanzar em redor de um Acordo que levou 100 anos (!), como uma guerra medieval, a obter, já o usucapião de todo o analfabetismo futuro estabelecia, nas mãos dos seus alunos, a norma culta futura, dos "k", em vez dos "que", ou do "qd", em vez de "quando", ou ":-)" em vez de "sorriso hipócrita". Em 2009, amorosa, já o Acordo Ortográfico está desatualizado, tal como o Kamasutra face a certos pratos nojentos que os meus clientes, todas as noites me pedem. Quer que termine o meu conselho com chave de ouro?... Lembra-se de Mértola?... Se não fosse a ação de certos autarcas de pulso, grandes valentins loureiros de séculos de história, já a flexão de Mértola tinha passado por Mérdola até acabar naquilo que a maior parte dos Portugueses tem sempre na cabeça e na ponta da língua. Se Câncio perdesse o acento, passava a Cancio, de aqui a dez anos a Can cio, e só sabe deus quando acabaria em com cio, e sem ninguém que lhe o satisfizesse. Não se deseja isso nem ao pior inimigo, não acha, meu amor?... Já agora, para que não sinta que saiu de aqui com as mãos vazias, e para seu próprio uso e dos seus alunos pretensiosos, lembre-se de que a partir de 2009, o correto é escrever "ha dem" e "há des", em vez de "há-dem" e "há-des". Kisses e um Bom Ano.

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