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sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Gente hipócrita, sem lágrimas

Neste blogue praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão próprios das Sociedades Avançadas
Imagem do KAOS
Hoje, depois das tempestades dos últimos dias, foi uma tarde de paródia. Acho notável a Comunicação Social do tipo "ao-serviço-de" andar a dançar o bailinho com a coisa a piorar piorantemente. Por mim é excelente: adoro ver os noticiários outra vez a abrirem com discussões em redor das centésimas, e o ar grave de Vítor Constâncio, a nossa Pitonisa de Cumas, a anunciar que isto está em vias de se endireitar. Como diria a minha avó, ou foi ao "Endireita", ou vai endireitar por "esticar o pernil".
Sim, vamos esticar o pernil, e isso é interessante, e foi o tema de uma tarde de conversa, que não posso relatar aqui, mas que quase me ia fazendo deslocar o maxilar, às gargalhadas. A Gaga, também conhecida no Meio "Gay" pela "Mariana" (dos lindos olhos), depois de ter queimado a Bruxa da Educação, a "nível experimental", vai agora experimentar, no Superior, o desastre do Secundário, e não faz senão bem, porque este Povo só tem o que merece. Por outro lado, neste país de minudências, o meu amigo Bragança de Miranda parece que, finalmente, ganhou, em Tribunal, as filhas da putice que lhe andavam a fazer pelas Secretarias, e brevemente irá a Catedrático, mas deixa-me lá calar, porque isto são assuntos do "Aventalinho", e eu, do "Aventalinho", só sei alguns rumores, q.b., como dizia a outra. Como, entretanto, o Mundo vai acabar, é indiferente que se acabe como Catedrático ou não...
Sim, eu sei que estão à espera de que eu fale do Casamento "Gay", mas eu vou-vos tirar o tapete e falar de coisas piores: andam por aí outros rumores que dizem que o Sr. Sócrates, mais queimado do que o Narana Coissoró, cuja filha é da Opus (veio na "Sábado") se vai colar à estratégia do Zapatero, e obrigar a Direita (não sei o que é isso), a colar-se à Igreja, e vice versa. Em España, Zapatero vai arrancar com uma coisa chamada "Lei do Suicídio Assistido", que, com um nome desses, e a ir a referendo, apanhava com o meu "não" imediato. A estratégia é reles, e tende para tornar os tais temas clivantes como escândalos públicos, que obriguem o Partido Popular a colar-se à Igreja Española, e a cair numa tremenda ratoeira, que permitirá, "in extremis", a reeleição do Caudilho Socialista.
Por cá, a coisa corre subterrânea e em paralelo.
Eu esclareço: amanhã, o Partido Socialista, tão recheado de paneleiros como qualquer outra força política vai votar contra, e parece que depois fará um "mea culpa", a dizer que vota contra, mas é a favor, um estado de alma muito tipicamente português. A coisa não é sem sentido, porque, na prática, corresponderia a pôr a Maioria Absoluta ao reboque da Minoria Absoluta do Bloco de Esquerda, e para cabrão, cabrão e meio, já que nenhuma dessas forças políticas me merece qualquer respeito. Com o tempo, ainda veríamos a Sarah Palin ao lado do Louçã, se fosse portuguesa, e dada a certas baldas...
Por mim, deputado por Elvas do Partido Socialista, tenciono cumprir a minha disciplina de voto, quer por razões partidárias, quer por respeito para com o meu camarada de bancada, Paulo Pedroso, que já disse que iria votar contra. Ora, eu aproveitei a boleia, e, oportunista como sou, pus aquele ar do Carlos Mota, e declarei para a "SIC-Mulher", "se o Paulo Pedroso é contra o casamento "gay", então, eu também sou..."
Falemos um pouquinho a sério: se há instituição que mais sofreu com a usura do tempo é o chamado "casamento". Qualquer casamento, hoje em dia, é uma espécie de "via crucis", onde a primeira paragem é um par de indivíduos que cumpre o que a estranguladora teia social lhe impõe, e casa, para, logo a seguir, cair no seu individualismo, perceber a ratoeira, e se divorciar. Ao contrário de Ferreira Leite, o casamento não é para procriar, o casamento tornou-se numa coisa para... divorciar.
Em meu redor, e conheço bastante gente decente, há inúmeras soluções alternativas, e imensos casamentos desfeitos. Estava a tentar lembrar-me de algum, mas são tão raros.. olha, vai o elogio para o Kaos e a Kaotika, que qualquer dia são apanhados nalguma rede e vão para o Museu de História Natural.
Tudo o resto, que eu conheço, são bigamias, sexualidades turvas, coisas de vão de escada, gajas promíscuas, psicopatas do sardão, hipocrisias de aliança no dedo, a minha Tia Judite, deus me perdoe, que saiu nua para a rua, com um casaco de peles, e disse que era assim que se sentia bem..., punheteadores obsessivos, viuvinhas inconsoláveis, solteironas que engatam no "Luanda", a "Laura", uma viciada dos chichis do ALLgarve, a "Sheila", que faz uniões de facto com todos os caminonistas da raia, a minha amiga Portas, que faz de cada lavatório da A5 e da A12 um altar, o outro, que engata na "603" da SIC um paraquedista diferente todas as noites, eu, cuja vida está a léguas de ser exemplar, gentes de "ménages", gajos de 19 anos que sonham com comer cinquentonas, a Rute, que lhes enfia vibradores no cu..., meu deus, como é que eu podia obrigar esta gente toda a casar, quando no fundo, o sonho deles é a liberdade do corpo?..., e foi então que alguém se lembrou do "Casamento entre pessoas do mesmo sexo", coisa que me revolta o estômago e me faz lembrar aquele momento em que a negação da negação já nem força tem para se tornar numa afirmação.
Como diria a outra, e falando ainda mais sério, os problemas são os afectos e as partilhas: um dia, os corpos, orgiásticos, caem doentes, e precisam de um justificativo social, para acompanhamentos na desgraça; morre um par de uma longa ligação afectiva, e é necessário que o Estado garanta o direito de posse devido a longos anos de construção comum; é necessário que o/a cidadão/ã comum esteja protegido de velhas vinganças familiares, em momentos de apuro, e poderão ser múltiplos, e compete à Assembleia legislar sobre isto.
Casamento, todavia... nunca.
O Casamento é um dos maiores vexames no qual a hipocrisia social insiste.
As pessoas que já "deram o salto", e são cada vez mais, têm de perceber que é demasiado tarde para se recolherem sob a umbrela da instituição que mais enxovalharam. Compete ao Civismo do Séc. XXI, estipular, em forma de Regra, a Paridade dos Afectos, com a liberdade de não assumpção de qualquer vínculo, a não ser o do dever do respeito e o direito da posse, do acompanhamento e da partilha. Tudo o resto são enxovalhos sociais, caricaturas de instituições, e paneleiras do Chiado, com um raminho de flor de laranjeira enfiado no cu.~
Pesoalmente, gosto mais dos meus animais do que de muita gente. Se me desse um súbito badagaio, gostaria de que a nossa afectividade, "de facto", a união emocional que mantemos há tanto tempo, lhes garantisse, no caso da minha morte precoce, o direito de lhes deixar, como herança, o cuidado de uma instituição, ou de um outrém, que lhes continuasse a assegurar o elevado nível de dignidade existencial, de seres vivos, de que têm gozado até hoje.
Tenho várias pessoas a meu cargo emocional: quero ter o direito de poder entrar num hospital, em regime de conúbio e matrimónio e família, embora nada de sexual, de jurídico ou de sanguíneo nos una. Preciso de assinar vários pactos de Emoção, e de ter vários certificados e comprovativos de que todo o investimento afectivo da minha vida passou por ali.
Desprezo o Casamento como desprezo o Dinheiro, como execro a mentira e a falta de ética e educação, e a postura das pessoas medíocres que passam o tempo inteiro a tentar tornar a vida do seu semelhante mais infeliz.
Quero chegar, e, se a minha expressão facial não bastar, ter uma qualquer salvaguarda da Sociedade Civil, em que me insiro, que me permita invocar não o estatuto de União, mas de Identidade: quero poder dizer, com todas as palavras da voz e das expressões "eu só sou, em mim, através de todos estes outros, que me cercam, e quero acompanhá-los, no bem e no mal, até ao fim comum dos nossos dias".
Não há Assembleia nenhuma, no Mundo, que se atreva a votar uma coisa destas.
Bom seria, sequer que o percebesse, mas movem-se muito, demasiado, cá em baixo.
Descobri agora que me enganei no texto para hoje: trazia preparado um louvor a Le Clézio, com quem talvez tenha algumas difusas parecenças, naquela zona do crepúsculo em que raramente nos expomos. Há um pequeno texto dele que começa com o tom de uma grande obra. Foi o Cesariny que o publicou, como folheto, do seu próprio bolso, e reza qualquer coisa como assim "O Silêncio é enorme, infinito, intransmissível" -- e as palavras não são estas, mas não me atrevo a procurá-lo, nesta casa, cujo nome é Babel -- mas sei que Clézio descreve o genocídio da chegada do sinistro Homem Branco ao admirável mundo das culturas pré-colombianas. Cinquenta anos depois da "Descoberta", a população do Novo Mundo estava reduzida a 10% (!) mercê das evangelizações, das guerras, das doenças e dos extermínios. Ao pé disso, Darfur é a Branca de Neve. Os melhores escritores, poetas da surdina, raramente elevam a voz ao nível da propaganda. Como aconselha Bento XVI, que irá arder no Inferno, recomecei a ler a Bíblia, mas encravei na primeira frase: "No Princípio era o Verbo".
No Princípio, e no Fim. É o poder construtor e demolidor da Palavra, a mesma sonoridade que salva, ou mata. Le Clézio move-se nessa "twilight zone", que tanto me agrada, mas que tão raramente me é dado poder frequentar. Era uma outra história e um outro mundo: seria um outro "Arrebenta", que vos decepcionaria totalmente, mas todos temos direito ao nosso crepúsculo interior, e eu exerço-o, calma e assumidamente.
A Literatura está de parabéns: aparentemente, deixou-se a oficina de bate-chapas, e um prémio que, raramente, contempla a Magia da Palavra atingiu, hoje, um Criador. É bom que, de uma vez por outra, para variar, o Nobel da Literatura seja atribuído a essse estranho estado de hipnose do som feito sentido, ao qual, por convenção, e com a menoridade de todas as designações, chamamos... Literatura... Verbo.... Fundação do Ser... Humanidade, nós... os poucos "nós", que ainda ousam subsistir.

7 commentaires:

Anónimo disse...

Excelente! Poderoso!

Solidária,
M.

quink644 disse...

E Lágrimas sem gente, são hipócritas... Belo texto.
Um abraço

e-ko disse...

gostei!

Clitoriz Feliz disse...

Difamador do caralho!
O teu dedo acusador a chamar gay a este e àquele é digno da Inquisição.
Serias um bom inquisidor para mandar judeus e paneleiros para a fogueira.
E estas alminhas a bajular-te são patéticas. São tão merdosos que andam sempre a cheirar-te o cu.
Não te esqueças, pulha, que eu sei quem és, onde moras e onde levas no cu.
E onde expões a tua incompetência de docente.
Não tens ética nenhuma!

Anónimo disse...

Esta coisinha fofa é aquela Fátima, professora de música do norte que teve ligações à opus dei? Se é, baixou muito o nível...

Não sendo, é um horror.

E a outra, continua a atazanar? Há bons remédios e já te disse isso há N.

Lembrei-me ... será alguém mais querido? LOL Não pode ...

Abraço querido Arrebenta

72.232.205.130 disse...

O nível é o mesmo, mas resolveu suicidar-se em público.
Está todo aqui
http://emailsdemessalina.blogspot.com/

Anónimo disse...

Pois ... será Titular? :/

Este assunto terá desenvolvimento certamente. Esclarecedor e libertário. Chega de ++++ (não tenho termo).

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